quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

dos artesãos...

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“eu sou poeta e sigo em frente
em linhas tortas
eu não lido com palavras mortas”
Ademir Assunção
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margareth

não faz arte
mas abraça a arte 
como se fizesse
(mostrou isso num gesto de abraço)
pessoas intensas causam inveja
no meio  da fala 
os olhos molhados
quase chorando disseram
que choveu um pouco
e refrescou
e a chuva lá 
do lado de fora
fazia mesmo barulho
do lado de fora
a tarde 
refrescou
do lado de dentro
a arte
pulsou
forte
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poesia são essas ondas
imagens em movimento 
na tela do mar
são esses navios 
que navegam
sem encontrar
nenhum porto
poesia é uma nudez
uma abertura 
na vergonha da escritura
uma outra luz
na noite
da palavra
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da existência só conheço
um bom conselho:
aprender a vencer
todos os medos

o medo é árvore
a coragem são folhas
o medo sempre
antigo
a coragem sempre
nova

onde cai uma folha
vence um medo
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o desejo é uma vontade
que não quer habitar o corpo
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gosto das demências
e odeio as ferocidades
nem bem ando muito longe
vejo sustos apertados
(uma senhora elegante:
- todo mundo anda assustado!)
sem nem ter andado muito
percebo
que todo mundo anda 
cansado
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sem nexo sem sexo

ele esteve dentro
(com um pênis)
eu estive fora
(sem minha alma)
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ansioso
procuro um lugar
a salvo das palavras
mas só encontro essas casas
vazias
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sonho:
quero ter uma asa
que desconheça o chão
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