"pois mais fácil é passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que um desejo sair do coração de um homem" Julio Carvalho
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via crucis (meu corpo está muito seco então me dissolvo em um desejo qualquer) meu nome lateja nas minhas digitais em forma de ansiedades me acalmam as palavras quando o desejo alivia no gozo (mas não muito) enquanto não encontro a cura as feridas continuam abertas: aguardo a infecção aguda de alguma vontade mas de longe se vê que esse desejo todo não se trata apenas de um tecido e sim de uma constelação e essas estrelas são impecavelmente separadas os desejos tem uma forma invisível vestidos com a mesma via lactea e as mãos já esperam por afagos e escapar do mesmo lugar de sempre e que importa se somos diferentes? o desejo nos torna iguais parece que o desejo são raízes invisíveis que me prendem ao tempo por isso dói tão fundo a longitude das minhas vontades preciso de mapas para cada rumo que cada desejo me toma o meu desejo não tem legenda esfrego o danado entre minhas mãos e ele não se esfarela cai inteiro aos meus pés eu piso eu chuto e ele se agarra a cada minuto de mim queria poder afogar o desejo num mar de rosas num mar de bálsamo e ter as mãos livres sem naufragar ainda assim o desejo fica ondulando como uma garrafa flutuante na maré dos meus dias como um descompasso: enquanto escrevo milhares de cartas o desejo envia de volta um papel em branco
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