sábado, 24 de agosto de 2013

das considerações...

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"mas eles nos deixaram um pouco de música
e um espetáculo estimulante na esquina,
uma dose de uísque, uma gravata azul,
um pequeno livro de poemas de Rimbaud,
um cavalo correndo como se o diabo estivesse 
torcendo seu rabo
sobre a grama e gritando, e então,
o amor novamente
como um bonde dobrando a esquina
bem na hora,
a cidade esperando,
o vinho e as flores,
a água caminhando sobre o lago
e verão e inverno e verão e verão
e inverno novamente."

poema: Charles Bukowski - Se Aceitássemos 
tradução: Fernando Koproski 


























o templo pijama
o tempo pijama
onde eu prezo
onde eu rezo
o sono

amalá
dacá

lágrimas?
ou apenas
duas facas 
ardentes
intoleráveis
descendo
pelo rosto
abaixo
(detesto
algumas coisas
que se tornam
impossíveis)
parei hoje
num mau humor considerável
ouvindo pessoas pagãs
entreatos pipoca e arroz com feijão
as palavras não cultivavam nada
os acentos toscos
das vozes de vampiros
sedentos
de luz
então
a um amigo eu disse:
afaste-se
a urgência é o próximo encontro
é essa luz
escondendo
tudo
como uma lua alta sobre as impossibilidades

hoje me sinto cadavérico
com poemas até os ossos
hoje me sinto a loucura nossa de 
cada frente e
verso

pé ante pé na solidão 
tem-se o tempo que se  quer
para compreender os amigos
um por um até lhes perdoamos
as suas mínimas incoerências
e nunca mais queremos falar com eles
e nos silêncios de São Paulo
sutis como os pensamentos pelas ruas
a sete fôlegos como azarados gatos negros
vestimos à medida exata
o avental da vida
e no vício das calçadas do futuro
sobressai o ruído da noite
da cidade judas

o último poema é uma adaptação de José Craveirinha

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