"Não me prendi. Entreguei-me completamente e fui.
Para os deleites que, metade reais,
metade revolvidos em meu cérebro estavam,
fui, em plena noite iluminada.
E bebi dos vinhos fortes, assim como
bebem os destemidos do prazer."
- K. Kaváfis
.......
nuvem
essa coisa de torre de marfim aberta aos céus me fascina
a dureza vadia da alma inventada
faz de conta que é dureza
mas não é nada
.......
amor residual, acho tendência.
não acho tendência
acho certeza
- certeza de não estar
.......
ontem foi foda
e hoje acordei sensível
demais para um só
acho que estou muito cheio de
esvazio-me
nem sei como
hoje
procuro
alguma poesia
que me
acalme
.......
a gente não gosta do que é igual.
a gente gosta do que complementa
é tanta palavra que precisaria de um avental no corpo
por enquanto babando silêncios
entre a palavra em branco
e o silêncio dos cafés
o desesperador contágio
entre corpo e alma:
a linguagem sofre
calada
desdisse
o amor
ao contrário
queria ser igual
ao rascunho do poema
que não tem vergonha
de errar
o infinito mais breve
acontece
quando a gente quer
ganhar o ar
.........
um sentimento de mais ou menos
um meio dia
um meio frio
a meia coberta de garoa
em plena Paulista
almas congeladas
o farol preso
no verde
sigofrio
.........
e minhas vírgulas sobrancelhas...
............
ossos de inverno
se confundindo com
os ossos do
ofício
egopress:
caí em mim
tropeçando
indecididamente
quero frases como aquela que foi embora e deixou saudade
frases misteriosas são precedidas do desejo de conhecê-las
o poeta sai do homem
vira poema
entredor e alegria
cada um cadáver como quer ver
aguardando
um estado
de imaginação
sem divagações
não espere
no final
só há o fim
.
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