. "pense na infância que você não deixou" Julio Carvalho
crianzada
alma é a pele alma pede e apela alma não fala mas sente feito pele alma sente sede sente fome alma sente muito bem o que fica ausente "Alma é a pele" - Alex Gustavo Palomeque, 7 anos de onde sai o sol é o céu de onde sai o sal é o mar (eu sei que não sou se não amar) "Céu: de onde sai o dia" - Duván Arnulfo Arango, 8 anos o universo interior casa das estrelas causa de estados de caos "Universo é a casa das estrelas" - Carlos Gómez, 12 anos sexo complexo de Édipo complexo de Adônis complexo de Electra complexo de Inferioridade complexo de Peter Pan complexo de Frankenstein complexo de Superioridade é o sexo na maioridade "Sexo é uma pessoa que beija em cima da outra" - Luisa Fernanda Pates, 8 anos . "Perdi o céu porque já era noite quando eu cresci" - Julio Carvalho, 48 anos .
o desgaste da palavra desdesejo terminou de memorizar a imagem ontem ao meio-dia agora detalhadamente lembra: retratou-o de jeans cinza escuro com um ziper até embaixo uma camisa brancaberta para aparecer também algo da beleza do peito do pescoço a testa reta quase inteira coberta por seus cabelos seus belos cabelos (usando o penteado que é o hype deste ano) existe o tom absoluto-sensual que quis insinuar quando franzia os olhos quando lambia os lábios sua boca seus lábios feitos para a satisfação com seu erotismo secreto adaptado de K. Kaváfis .
. "Não me prendi. Entreguei-me completamente e fui. Para os deleites que, metade reais, metade revolvidos em meu cérebro estavam, fui, em plena noite iluminada. E bebi dos vinhos fortes, assim como bebem os destemidos do prazer." - K. Kaváfis
....... nuvem essa coisa de torre de marfim aberta aos céus me fascina a dureza vadia da alma inventada faz de conta que é dureza mas não é nada ....... amor residual, acho tendência. não acho tendência acho certeza - certeza de não estar ....... ontem foi foda e hoje acordei sensível demais para um só acho que estou muito cheio de esvazio-me nem sei como hoje procuro alguma poesia que me acalme ....... a gente não gosta do que é igual. a gente gosta do que complementa é tanta palavra que precisaria de um avental no corpo por enquanto babando silêncios entre a palavra em branco e o silêncio dos cafés o desesperador contágio entre corpo e alma: a linguagem sofre calada desdisse o amor ao contrário queria ser igual ao rascunho do poema que não tem vergonha de errar o infinito mais breve acontece quando a gente quer ganhar o ar ......... um sentimento de mais ou menos um meio dia um meio frio a meia coberta de garoa em plena Paulista almas congeladas o farol preso no verde sigofrio ......... e minhas vírgulas sobrancelhas...
............ ossos de inverno se confundindo com os ossos do ofício egopress: caí em mim tropeçando indecididamente quero frases como aquela que foi embora e deixou saudade frases misteriosas são precedidas do desejo de conhecê-las o poeta sai do homem vira poema entredor e alegria cada um cadáver como quer ver aguardando um estado de imaginação sem divagações não espere no final só há o fim
. "fui sabendo de mim por aquilo que perdia" Mia Couto
aguardando a estréia da imaginação sem divagações o passado são os homens sem pressa as velhas árvores desgarradas os postes sem interrogação a falta de luz e abrigo o passado não se passa mais como antigamente política do carvalho: eu como árvore resino eu tinha coisas invisíveis com óculos eu fiz coisas indizíveis com olhos me ame quem quiser meu olho é cego toda noite há um não no meu espaço os sins me abandonam regularmente ..... nos vários tempos idos por só um tempo tenho sobrevivido
toda hora aguardo um novo agora e sempre ...... desculpe o transtorno: estou te confundindo para me organizar zona de conforto = pisar em ovos cozidos a inspiração é minha verdadeira engrenagem câmera secreta: minha fotografia é interna com revelações absolutas eu tenho um piano dentro de mim por isso sou tão claroscuro esqueci um poema: perdi o tempo lírico das flores em dias gourmet quero todos bem passados por favor! ....... "prelúdios
a chuva é só um detalhe líquido a rosa um detalhe rubro o quintal um detalhe lúdico o ocaso um detalhe súbito
primórdios
ensandecido, assim, de tanta falta desenho a solidão numa árvore" Adaptado de Assis Freitas .
eu não sei ser pássaro não conheço a história do fogo mas acredito que a minha vontade deveria ter asas justiça poética se faz às cegas quero separar o joio da entrega veneno: sou forjado em cobras de arte quero poemas mudos que entram pelos ouvidos e saem pelos olhos quem espero só me cansa hoje sobe-me o mar em ondas sonoras preciso de silêncio em concha de ondas do mar que não morram na praia de que adianta você vir música se eu sou orquestra? de que adianta você vir palavra se eu sou poema? as bocas e os avessos tem tropeços incomunicáveis eu não vasculho os navios naufragados sem âncoras crônica para um desinteresse repetido: pessoas que vazam do zero e se alimentam de nada indo a saturno para tentar ser menos soturno .
. "sou o palhaço de um circo em chamas" Julio Carvalho .
se o prazer está em jogo eu desisto e jogo cartas na mesa tudo confuso hoje está bom a cura possivelmente para muitos é a infecção a língua presa em algum limo no céudaboca quando eu fui feliz eu não estava ali eu prefiro andanças que mudanças essas frases expostas não são óbvias eu disse palavras e não concertos erros são assim: feitos para adivinhar poemas para tirar você do poço basta um nó de marinheiro um dia inteiro de balde de água fria e bom senso estético entressesnós na garganta é em silêncio que me investigo mais vou continuar com essas terras com o disparate de não tê-las e não plantar mais nada essa terra é uma mina se não tem ouro tem minha sina a minha santa ceia foi canonizada eu sou analogicamente incorreto sou antologicamente incorreto: antagonismos agonizantes foram-se os dedos: eu tive a impressão digital de que você não existe mais a gente percebe que mudou quando uma música passa a ser mais importante que um encontro microscópico esse fato transitório de esperar sem resultados é causa para balanços e reflexões oi então é um oi o que eu faço com um oi? um oi serve para dizer olá oi é um modo curto de chegar oi é um olá com preguiça um oi é um encontro preguiçoso quem precisa de faíscas se já é de fogo?
. "quem quiser ganhar o ar o quanto antes está livre para ser aquilo que nunca foi nas entrelinhas. aqui estão as novas máscaras feitas de nuvem." João Pedro Wapler .
nos momentos de pressa as palavras fogem. os olhos se abertos vão virando água se fechados vão virando confusão boletos da alma a pagar com as contas do tempo infinito ser ou não ser eis o que sonho ritmo do poema: a palavra dança eu canto tu espia eles poesia há uma lenda que há muito tempo atrás um poema se manifestou na rua com cartazes e tudo (e caiu no branco papel do não-ser franco) eu sou o império dos sentidos dos reinos perdidos dos absolutos se tentarem me invadir eu peço licença e saio da dança (pausa) i see monsters eu tive um ciclo monstrual tudo virava monstros era susto pra toda vida um dia acordei com um monstro do lado ele me disse que não me deixaria e não me acabaria então aprendi a viver com monstros mesmo que eles não me deixem em paz eu calo os monstros mesmo os que vivem dentro de mim (os de fora são mais fáceis: eles cantam) eu vejo monstros internos com soluções eu vejo monstros externos com demolições "O que não mata infecta." Dija Darkdija (fim?) .