domingo, 18 de dezembro de 2016

das reversões...


.
"não fosse a poesia
não teria sobrevivido,
2016, à sua travessia"














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amor livre
pura balela
o amor nunca foi livre
quem se livra do amor
não 
vive

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o caos é romântico?

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para trás 
é bem longe
de
mim
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sobre uma discussão
entre parênteses
entre
novamente
a poesia
e a política
(políticos diariamente)
digamos que
a política mente
a poesia sente
a política manda
a poesia sangra
a política engana
a poesia sana
a política cansa
a poesia alivia
saber de política
é dispensável
sobreviver
ou tudo o que se diz da política
ou não ser
sobra
a política
como os advogados
(ruins)
e os mentirosos
não salva
a poesia
sim

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tudo é questionável
até as coincidências
até as consequências

aqui:
lugar de compartilhar
incertezas
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on
(disco)
vering
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greve de noites
vi no seu olhar
saíram todos
no céu
estrelas pasmas
cadentes
onde
ideias
passam
rápido
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minhas
pirâmides
são
angustiantes
quadriláteros
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templo
é onde
os deuses
imperam
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das nossas rendições
fomos perenes por horas
horas que não passaram
enquanto os outros dormiam
uns diriam que nós somos notívagos
mas não
aqui de cima
temos certeza que não
expressão?!
disseram
voando muito alto
eis que surgiram os tons de azul
flutuantes entre acidez e amargor
olhos entreabertos e sorrisos sinceros
sim
voamos
/
muito alto voamos
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não estou ficando velho
estou ficando
reinventado
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meu problema
é o universo:
tenho uma curiosidade
imensa
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somos ácidos
como a acidez
que condiz
com as verdades
somos ávidos
como a rapidez
que impele
a demora
somos poucos
e insistentes
na melhora
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dar voltas
ou
"dar "nomes"
nada mais é do que formular hipóteses
predicar é preterir
é ver mais isto e menos aquilo
(cegar a tantas possibilidades)
dei chance à observação
para que os seres
(animados ou inanimados)
existam apesar de mim
na totalidade de suas essências
como brisa suave
umas palavras inúteis vêm e vão
não me servem e não me ocupam
quem sabe até eu escapo
de me resumir a mim"
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eu não comento
as vozes
dos 
mortos
vivos
de
ódio
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meu projeto de vida
é me manter
em 
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as melhores
coisas
acontecem
quando a gente
esquece
o
tempo
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mosaico
não quero mais
amadores
e principalmente 
 não quero mais
amar
dores
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sobrevivendo a.












poema de canto
















miopia

















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life-without-poison

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Eu poderia cantar-lhe
sobre o amor
pois é belo
e terrível
poderia contar-lhe
o terror escuro dos homens
das mães
dos enamorados
porém
assim como a noite
do breu
faz-se a luz
Eu poderia contar-lhe
das faltas
dos planos
dos enganos
gravíssimos
dos enamorados
em vão
das falhas do amor
do breu
naqueles corações
incontáveis
incontroláveis
onde
sempre existirá
mais luz
que
escuridão
Eu poderia calar-te
então

com: Vini Miranda

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nem sempre 
esta carne formigando é vida
a forma como a minha cabeça mente
para o meu coração
não é doce poesia
é uma declaração temerosa
que faz a ação vacilar
e cair
e isto não é vida
de nenhuma forma
congelada em conceitos errados
cheios de sexismos e preconceitos
que
sem querer
desabamos
pela boca
concordando
sem querer
com gente
inútil
nada de alma será reconhecida
por esses dias
eu rezo por emoção
até mesmo medo
e tento encontrar algum lugar
onde eu possa ouvir um grande
conselho
alguma frase
de alento
estaremos mais próximos
do que se continuarmos
estagnados
passo a passo
abriremos um outro você/nós/vós
todos
que mudarão
isso tudo será novo
é novo
e esse ser humano que enfrenta
o imenso
(inaudível)
percebe que o risco ameaçador se torna menor
como um lutador de dia
e um poeta à noite
estou na mesma luta
com ambos os dons
estou imbuído de força
continuamente buscando forças
para não desistir
olhos e ouvidos podem me julgar
mas muitos não entendem de poesia
não aceito aplausos pelo que faço
não aceito aplausos pelo que é natural
para mim
porque meu desejo de lutar
é o meu melhor desempenho
minha singularidade é humanamente
genérica
nada mais do que isso
mas a minha luta me diferencia
palavra por palavra
cada átomo do qual somos feitos
e esta expansão que habitamos
quer fazer o seu melhor
colaborando com a magia
das palavras
um condutor de movimentos
e música
aceito o medo do coração
mas existo para provar
que podemos tornar a vida bela
resistindo
resistindo
resistindo
por causa disso
o medo
me faz não querer temer
por causa disso
ando sobre as tábuas
de vários palcos diferentes
por várias tribos
mas a poesia
é uma


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a beleza está
onde está
a força
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escrever
é um ato necessário
de pedra
o resto são rochas
para colecionadores de palavras
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nunca nos foi permitido ter um desejo pela primeira vez.
ele sempre esteve dentro
reluzente
e grande igual a nós mesmos
rogamos tanto às noites que se faça
e aconteça
mas quando as preces são atendidas
é só uma ilusão dos trouxas
uma ardência nos olhos e
o desejo esbraveja aqui dentro
monstro comedor de rocha
já nascemos com essas enormidades
pobres diabos afogados neste papel de luz
e ele continua tão mesquinho e pequeno
a gente só queria poder desejar
por favor,
mais uma vez
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trago comigo coisas abandonadas
coisas que as pessoas jogaram fora:
desertos, abandonos, gânglios, guirlandas, guelras
e nesses restos
encontro
poesia
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a maior parte das pessoas que conheço
se apaixona perdidamente pela Morte
o que é previsível
ela é apaixonante
outros há que se apaixonam pela Destruição
o que também é previsível
ela é apaixonante
conheci um apaixonado que via Delírio em seu reflexo
quando se trata dele
é previsível
porque ele é apaixonado
mas eu me apaixonei por Desejo
(talvez o mais correto é desejá-lo
mas eu não sou muito bom em partir do óbvio)
foi no seu espelho que vi o meu reflexo
mesmo sabendo que ele
juntamente com Desespero e Destino
não era um dos mais
com o perdão do trocadilho
desejados
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eu ganhei os dias
ao gaguejar
as
tardes
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poesia 
é a contribuição 
do ser patético 
para o ser
poético
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rede de entregas
intrínsecas
sem eira nem beira
nem a barca
que balança 
na beira do cais
mal atada
na calçada
cinza
sem
lembranças
mal amada
a rede
www
cai
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desativado
o genocídio poético
agora acontece
o suicídio profético
de um só poema
deletado
por falta de fundos
de inspiração
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além da cátedra
existe o poeta de verdade
o que entre as portas
escancara a sua
própria 
pelo ímpeto
descaradamente
dispara
onde a poesia
não comemora
ela é
e vive só
e
se apresenta
luz
porta aberta
de manhã
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somos todos coágulos 
somos todos sangue
pisado
quando não avisados 
apodrecemos
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astroenamorêutica 
(estudo astroilógico do amor)
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não conto com as coisas
que me descontam
outras
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essa
manhã de inspiração
vem com silêncio
e pássaros
orvalho
é gota
de pouca água
resto de chuva
de ontem
alguma coisa
de longe
um carro
um bem-te-vi
logo
ali
bem no meio da cidade
um vizinho
de quarto
inadequado
desperta
o poeta
aqui
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tempo
/
pedaço de causa
sem efeito
imediato
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"os problemas do fracasso são difíceis.
os problemas do sucesso podem ser ainda mais difíceis, porque ninguém lhes avisa sobre eles."

Neil Gaiman

spectral
love
"Está escuro e tenho frio nas pernas. No entanto, é verão.
Outra vez. Deve ser psicológico. Perna psicológica.
Faço hora, o que pode ser dito de muitos outros momentos
da minha vida.
Mas nessa hora que faço, vou contar uma história que não
sei bem como é. Não vivi, não vi. Mal ouvi. Mas acho que foi
assim mesmo.
(E posso dizer a mesma coisa de outras histórias, dessas que
às vezes conto.)"
Elvira Vigna

"O Caos era tudo
antes da criação do mundo.
Dele nasceram Ébero,
as trevas do inferno
e Nix, a noite.
De Nix e Ébero
vieram Áiter, o éter
e Hemera, o dia.
Antes do Caos,
nada mais havia.
Nosso elemento primordial,
nossa origem e final,
dele nascemos,
contra ele organizamos o mundo.
Mas sabemos, lá no fundo,
que o Caos é tudo."
Ricardo Silvestrin . "Caos, Ébero e Nix". 
In:_____. Typographo. São Paulo: Patuá, 2016.

"o mal não se parece com o mal
e nem se esforça para isso."

Rita

"Nunca me dei bem com o senso comum. O senso comum não sabe distinguir nuances, só enxerga em preto e branco, não tem a menor noção do tamanho da sua falta de formação, não conhece o passado - e como consequência, não sabe ler o presente. Para o senso comum todo político é ladrão. Assim como atriz é puta, poeta é bicha e todo artista, se não for uma coisa ou outra é, no mínimo, esquisito. A mulher, para o senso comum masculino, é uma máquina de foder - desde que não seja sua mãe, sua esposa ou sua irmã. O senso comum não sabe o que é prazer, assim como não sabe o que é política, e não a exerce. O senso comum se acha um poço de virtudes, mas, se lhe for dada oportunidade, já que todos roubam, vai roubar também. A bússola do senso comum não é o conhecimento. É tão somente o ressentimento. O senso comum, em virtude da sua enorme incapacidade de compreensão, quando se revolta, quase sempre acaba legitimando as maiores barbáries e as piores atrocidades. Estamos vivendo numa sociedade que tem fantásticos mecanismos de socialização do conhecimento - mas os utiliza para disseminar, dia após dia, o senso comum. O sinal de alerta está soando incrivelmente alto. Estão ouvindo?"

Sagrada, sagradamente
Nuestra divinidad es el amor
ahora y siempre, encerrado en nosotros.
El rito es juego de cuerpos
bajo la suave frazada de la noche
o simplemente la tranquilidad
de las miradas en la mesa
cuando tú dibujas y yo escribo
o el acuerdo en comprar una botella de vino
a bajo precio.
Somos paganos a veces
me transformo en un ángel exigente
y tú dejas que se agite tu diablo interior.
Nuestra divinidad es el amor…
Sagrada, sagradamente nos bañamos juntos
y nos turnamos el agua caliente,
y sólo con señales, libres de palabras
nos turnamos el cigarrillo
Sagrada, sagradamente esperamos el bus
y damos una vuelta bajo tierra
en la noche con tres grados de frío
y cuando dormimos pegados cubiertos
sólo con la oscuridad y nuestros cuerpos tibios
Sagrada, sagradamente viajamos en bus
y te sientas con tu cabeza apoyada en mi hombro
y casi en sueños hablas sobre mañana
o cuando yo despierto
y me quedo una hora para sólo mirarte
y tu rostro es liviano como un ala
sagrada, sagradamente bajamos después de mediodía
a "nuestro" café a tomar "desayuno"
Sagradamente me llamas por teléfono
y el sonido es limpio como reloj
y tu voz vivaz como pájaro
sagrada, sagradamente cierras los ojos
y lanzas tu cabeza luminosa
hacia atrás para destruir la noche
mientras yo estoy sobre ti y en ti
y tiro de tu pelo
fuertemente como a ti te gusta,
sagrada, sagradamente.
Y nuestro rezo son palabras que nos decimos
en los momentos en que obviamos
ser modernos en este mundo.
Y nuestro rezo son los ojos que fijamos
con caricias para abrirnos paso, libres en el mundo.

Mi máquina y yo
Mi máquina y yo
yo y mi máquina
nosotros
escribimos estas palabras
yo pienso
ella obedece
nosotros
escribimos esta orden
escribe máquina
escribe yo
escribe nosotros
escribe nosotros para un folleto sobre nosotros
mi máquina y yo
escribimos nosotros para un folleto sobre nosotrosdoy gracias para mis adentros
sensiblemente y bajo control
ella escribe gracias allí fuera en el mundo sobre el papel
bajo control y con sentimiento
lee gracias
gracias
allí fuera en el mundo
donde los hombres están en las casas y fuera de las casas
así de sencillo es
tu casa y tú
tú y tu casa
mi máquina y yo
nosotros
ella es mecánica
yo soy orgánico
ella es eléctrica
yo soy eléctrico
puntas de nervios
teclas
botón de contacto
sistema nervioso central
somos eléctricos
somos orgamecánicos
somos mecaorgánicos
mi máquina y yo
ella es mecánica
yo soy automático
nosotros somos semiautomáticos
escribimos automáticamente
un texto mecánico
el texto está muerto
mi máquina susurra
mis oídos zumban
mis palabras son tiros
que viven en un breve chillido por el aire
antes de chocar con las columnas del texto
precisión y orden
en fila está ahora el ejército del texto
para que se ponga en marcha su escrito
invadiendo las conciencias de otros
que ahora están ocupadas
mi máquina y yo
hemos escrito estas palabras
y llenado minutos de sus conciencias
da las gracias
gracias
dentro de mi cabeza
donde las palabras están en el texto y fuera
así de sencillo es
la palabra y el texto
el texto y la palabra
que sólo espera ser inscrita
en un texto
por mi máquina y por mí

Las banderas de nuestros sueños
Somos los abanderados de los sueños
aunque nuestra ingenuidad
lleva profundas cicatrices de la lucha cotidiana.
Pregonamos bienestar y blandas camas
utilizadas para el sueño y el amor.
Cantamos en frecuencias especiales
que hacen derrumbarse los muros
de normas de uniformidad.
Con la experiencia de la niñez aún intacta
construimos casas para las gentes transformadas.
Con la trepidante rijosidad de la juventud
plantamos jardines para recreo de
todas las edades.
En los verdes prados
se cimentan nuevas generaciones.
Más tarde salimos a la ciudad
para iniciar la lucha
que nos llevará a la victoria biológica.
De noche descansan los cuerpos
desbordantes de sueño y dolor,
vibrantes por el desarrollo de nuevas células.
Con cuerpo y alma en unión
se procrea la vida
suave.
Por la mañana dormimos hasta tarde
antes de agarrar
los golpes del nuevo día y las heridas y los besos.
Desplegamos las banderas de los sueños.
Michael Strunge

"poucos sabem, 
mas ninguém é obrigado 
a ter uma opinião formada 
sobre tudo"

"Atrair-se assumidamente
os que tem algum desejo afim. Não temos
o luxo do tempo.Intransponível.
Dizer que nos machucamos por
materializar nossos sentimentos e o
nosso frágil corpo nessas rochas,
que deveriam ser fragmentos
sensíveis. Nenhum desejo nos seria
negado. E nenhuma história seria
esquecida, portando não haveria
medo.Os corpos não teriam gênero e
a evolução e conhecimento não
desgastariam, sem casas ou lobos
noturnos, o mundo seria um não
lugar onde tudo seria permitido,
pois tudo seria luz."

"...mas é difícil duvidar das mãos de quem sabe tocar.
como
duvidar de mãos?
as mãos fazem você acreditar
em qualquer
coisa."
adaptado do filme A Garota na Ponte (La
fille sur le pont -1999) / Patrice Leconte

"meu rosto 
é uma nave
cruzando 
uma fagulha"
Adonis - Poeta Sírio


"não aprendemos a agir porque a ação
nada tem a ver com ódio e
nem tampouco com o bárbaro segundo
em que um coração é roto sem mercê.
- aprendemos a esperar, unicamente.
mas jamais descobrimos por quê."
Morten Nielsen


"na cavidade do dia
encontrei
minha poesia
(como quem encontra
certas frutas
que exalam mais forte
pouco antes da morte).
como se, da desordem,
do nada, ela brotasse:
não como um bicho que voa
não como coisa que flutua
mas como ruína que sonha
e penetra na própria busca."

Rogério Batalha : "Na cavidade do dia".
In:_____. Azul. Rio de Janeiro: 
Texto Território, 2016.

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