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“Aqui é dor, aqui é amor, aqui é amor e dor:
onde um homem projeta seu perfil e pergunta atônito:
em que direção se vai?”
Adélia Prado - O Coração Disparado
poemas vitrificados
ando
com a necessidade
de confiar
no chão
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teria uma cor alegre de fuga
se não fosse essa vida cinzenta
presa aos meus pés
pensaria em breve
em nunca estar no mesmo lugar
porque as cores sempre iguais
incomodam como sombra
não vou porque ainda
quero o que fica
e se eu fugir agora eu sumo
e não posso fingir
que estou cego
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a minha certa
arrogância
vem da distância
dessa determinada
coisa entre as pessoas
e eu
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anhangabaú
aí vem aquela sensação estranha
de que tudo vai se acabar
o dia
a bateria
o som da rua
aquele que incomoda
alguma coisa
neste vale
que se desdobra
ainda que tudo no mundo
se abra
sempre falta
uma porta
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suor de sombra
é suor que falta
suor que sobra
é suor de sombra
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não se guarda
não se aguarda
a chuva
passa
onde
o sol
é pouco
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a luz
suicida
incide
no pôr
do
sol
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eu tenho
meu peito
coração
feito
extintor
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"Para ser brutal, é preciso certa honestidade"
Cristian Ceresoli
Talvez eu não veja a violência com uma função mecânica,
talvez exista a necessidade de ser brutal e, para ser brutal,
você também precisa de certa honestidade
e compreensão humana das atrocidades.
Ou compreensão da natureza humana, e da alegria.
Muitas vezes escrevo inspirado por uma tentativa desesperada de sair da lama,
constituída pelos produtos mais recentes
do genocídio cultural
desde que a moderna sociedade de consumo
começou a tomar forma.
É um medo de me afundar.
De perder algumas essências e delicadezas.
Contra essa lama, esse visgo, às vezes, é preciso certa violência.
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Stefanie Harjes
de verdade
na poesia
como as coisas
me preenchem
é como se eu tivesse
um dedo na garganta
ou uma hemorragia
por isso
quase todo poema
vermelho
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eu nunca tive conhecimento da regra
pra mim ela sempre foi cega
hoje
vejo as meias verdades
e desabilito
piso em pés desconfiado
ouço
ovos e não quebro cascas
regras se escondem
em um chão
de vidro
que eu nem vejo
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eu amo certas coisas e não posso falar sobre elas
eu espio outras coisas pra não encontrar com elas
de longe eu desejo essas vontades-vitrines
não toco
pra não precipitar
uma chuva
de desvios
- mudando de assunto -
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suspeite sempre do que você deseja
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passando pelo viaduto
diminui de tamanho
tanto
porque nesse momento
havia na avenida
um tráfego
praticamente
infinito
e um barulho tão intenso
que só meu silêncio
deu permissão
para passar
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"o verdadeiro caminho
passa por uma corda
que não está esticada no alto
mas bem rente ao chão
parece mais destinada a fazer tropeçar
que a ser
percorrida"
Stefanie Harjes
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maldita insegurança
juntando os pedaços
numa pá
e colocando tudo numa caixa
a fim de jogar
com grande impulso
o mais alto possível
e em seguida
pra dentro
do vento
esse sentimento
que aqui não ancora
ficar longe
e imediatamente
sentir
em volta de mim
a maré alta
puxando
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"ridículo como você pôs arreios em si mesmo para estar no mundo"
Stefanie Harjes
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à margem do mundo nem se faz necessário sair de casa fique em sua mesa e escute nem precisa escutar apenas espere nem sequer espere fique completamente quieto e sozinho o mundo naturalmente se oferecerá ao desencasulamento ele acontece de qualquer forma extasiado ele irá se contorcer na sua frente ...............................................................................
os poetas afirmam que um único poeta poderia destruir a poesia isso é indubitável mas não prova nada contra a poesia pois poemas significam precisamente a possibilidade de poetas ...............................................................................
tarefa difícil conservar a calma estar muito distante do que a paixão deseja conhecer o fluxo e no entanto nadar contra a corrente pelo prazer de ser levado mesmo até correndo perigo nadar nadar e nadar contra a corrente ...............................................................................
um mundo desenvol
VIDEO .
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