segunda-feira, 18 de novembro de 2013

das orações...


"amem mais, amém menos"
Ailton Portnoy





























o corte
Julio Carvalho e Micelle Della Torre

o tecido é branco
da cor em pele
a pele entrelaçada 
de maneira que muitos 
não vêem
tecer são os nossos segredos
shhhh (silêncios) 
e onde tecemos segredos
fica essa linha delicada de carinhos
um pé de vidro:
um caco de silêncio 
procurado na carne
o encontro de fragilidades 
potentes & latentes
(lembra que limpei seu corte? - em silêncio eu cantei cuidados)
esse cuidado discretamente presente
esse cuidado
cicatriz
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água morna em profunda pedra dura 
tanto bate até que assusta
do amor que tu me tinhas 
que era puro e se afogou
tenho visto tantas caras e o boi da cara preta
é o que sempre aparece
e tem feito
mais caretas
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é por isso que coleciono silêncios - deles vêm minha poesia
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se eu sou de minas
e tenho a longitude das praias
vinde a mim as ondas
do som do mar
venham
até meus ouvidos 
varando montanhas
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a morte para mim é oferta de ocasião
não é remendo de tecido
a morte faz buraco
no pano e no chão
a morte
sempre termina em furo
de reportagem
ou tiro 
à queima roupa
toda morte é um buraco
um enterro
dos outros
mas a nossa morte
é invisível

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o azul zen
do céu
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quero ser igual aquelas pessoas
que
«Navegavam sem o mapa que faziam»
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a poesia sobe os últimos degraus
ouço a palavra escrita impessoal
que reconheço já por não ser minha
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te exponhas
mas para ninguém
esse é o único
e verdadeiro
espelho
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corajoso 
na frente
do alvo
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os monstros
são as coisas 
que não
sabemos
cavalgar
.




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