segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

do inesperado...

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"não estou preocupado com o fim de nada.
se realmente acontecer o alinhamento cósmico do centro da via láctea
com o buraco negro ou se as tsunamis solares continuarem a aumentar
como já está acontecendo, pode ser que a gente se foda!
gosto mesmo é de perturbar a mente das pessoas com açuntos polêmicus (adoro).
quero que o mundo tenha uma consciência cósmica universal.
na verdade algo mudou na minha mente depois daquela experiência de EQM* em 2008.
eu já tinha umas visões e agora elas estão mais fortes.
eu não estou louco e nem drogrado! o fato é não tenho mais medo da morte
pois já estive lá e voltei. é como um sonho do qual você não pode acordar.
entendo a vida como um eterno aprendizado e vejo a realidade de uma outra maneira.
não me sinto preso a nada e livre como o vento.
às vezes acho que estou ficando louco. um pouquinho mais!
tudo o que descobri nunca poderei compartilhar pois seria talvez para muitos
uma loucura ou o delírio de um drogado!"

*EQM - Experiência de Quase Morte
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dobro inesperado

sala escura
o dobro do corpo bala o fio de luz
a dobra do tempo
embate
norte sul
magnético
balão emenda
muda sequência das coisas tênues
nada é o que aparece
no fim
todo surpreende
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das anotações...

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"sempre procuro escrever um poema
sem prazo de validade emocional."

Julio Carvalho
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love-evolution
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poesia é geralmente um sentimento articulado ritmico.
e o sentimento é um impulso que vem de dentro
como um impulso sexual ou quase definido assim.
é uma sensação que começa na boca do estômago e sobe pelo peito
e sai pela boca e orelhas e vem como um bocejo ou suspiro ou arroto.
então se você tenta dar palavras a isso olhando ao redor tentando descrever o que está te fazendo suspirar
suspirar em palavras é você simplesmente articular o que está sentindo.
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no momento da composição eu não sei necessariamente o que tudo significa.
começa a ter um sentido mais tarde depois de um ano ou dois e percebo que tinha um significado claro,
inconscientemente que toma sentido com o tempo.
como uma foto revelada lentamente.
se for espontâneo de alguma forma - não sei nem se faz algum sentido às vezes.
em outras vezes eu sei que faz total sentido e começo a chorar.
percebo que estou falando de algo me que é totalmente verdade
e que nesse caso é capaz de ser lido por alguém e fazer alguém chorar talvez séculos depois.
nesse sentido é profecia porque toca em uma característica comum.
o significado dessa profecia é não saber se o fim do mundo está próximo ou não.
é saber e sentir algo que alguém sabe e sente a cem anos.
talvez articular isso como algo que alguém possa perceber daqui a cem anos
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honni soit qui mal y pense
mal a ele que no mal pensa
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sagrado o perdão
a clemência
a caridade
a fé
sagrados nossos corpos sofrendo
magnânimamente
sagrada a supernatural extra brilhante e inteligente bondade
da alma

do filme HOWL
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domingo, 30 de janeiro de 2011

das inquietações...

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"o problema se tratando de literatura é:
há vários escritores com idéias preconcebidas sobre o que a literatura deveria ser
mas suas idéias impossibilitam tudo o que os faz mais interessantes em conversas casuais
- seu modismo, sua solidão,suas neuroses, suas besteiras, suas vidas simples
ou até mesmo sua masculinidade ou não.
porque eles acham que vão escrever algo que parece com outra coisa que eles já leram
ao invés de parecer com eles ou o que vem de suas vidas.
todos falamos entre nós e nos entendemos e dizemos o que queremos.
falamos de nossos cus, falamos dos nossos paus, falamos sobre quem nós fodemos a noite passada
ou quem vamos foder amanhã ou que tipo de caso estamos tendo ou quando ficamos bêbados
e tivemos um cabo de vassoura enfiado na nossa bunda em determinado hotel ou lugar.
quero dizer, todo mundo conta isso pros amigos certo?
então a pergunta é: o que acontece quando você diferencia
o que contar aos amigos e o que contar à sua musa?
o truque é acabar com as diferenças para abordar sua musa francamente
como você falaria a si mesmo ou ao seus amigos.
é a habilidade de se comprometer a escrever da mesma maneira que você é."

do filme HOWL
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imersão

às vezes me sinto no comando quando estou escrevendo.
quando estou no calor de algumas lágrimas verdadeiras, sim
outras vezes a maior parte do tempo não
você sabe
apenas vagando por aí
modelando minhas idéias
procurando a melhor forma como na maioria das minhas poesias
...................
em alguns momentos quando eu consegui chegar ao estado de completo controle
enquanto escrevia alguns poemas
me senti inteiro
todo tomado de uma emoção
tão intensa que eu chorava
chegava a ter medo
o começo do medo para mim foi quando notei que sentia receio de postar alguns poemas.
do que pensariam sobre mim
sobre gestos sobre lógica ilógica
depois percebi que se tenho medo é porque é bom
um bom poema se faz independente do medo
então isso também é coragem
falar sobre o medo é ter coragem
publicar o medo é coragem
eu posso fazer isso
os poemas podem fazer isso
eles ficam aqui postados
prostrados
no blog
para sempre
sem medo
algum
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quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

dos inversos...

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"Para mí, la poesía es el fruto de la energía con la cual el poeta
quiere restituir la vida haciendo una obra de arte que en sí no es la vida.
Pero si no hay tensión, no hay poesía.
El poeta no se resigna a ser sólo un artista.
Yo escribo novela y poesía con el mismo interés.
Yo me confieso en mi obra y, en consecuencia,
cuando escribo en verso me planteo lo mismo que al ocuparme de la prosa.
Me ocupo de mí y de mi vida."

Giorgio Bassani
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tiago taron desenho
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poema invertido

experimenta escrever ao contrário
sentir coisas ao contrário
primeiro emocionado
depois letras
aparece um outro lado das palavras
coisas
inundadas de outros significados
o outro lado do texto
revelado como espelho
descoberto na luz
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segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

dos ridículos...

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"Só o ridículo para explicar como fui salvo pelo amor."
Julio Carvalho
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fuck love
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salvo ridículo
para @karvel de @rlaplagne

fui salvo pelo brega
pelo ridiculo do ato do amor
me deixei levar
pelos braços da pieguice
pela conversa dos clichês
pelo sorriso balela do lugar comum
e hoje estou aqui
admitindo
submisso
quase ridículo
ainda meio resistente
porque eu acho o amor brega
e foi ele quem me salvou
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domingo, 16 de janeiro de 2011

das apostas...

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"O preconceito está em ti: tu o sustentas se quiser."
Julio Carvalho
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gameboys
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jogatina

entre eu e ele
toda a sorte de paus
ambos cavalheiros
valetes e espadas
os baralhos sempre tesos
eterno corpo a corpo
feito de blefes e tabefes
e sempre no final
a última carta
de amor
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quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

das instâncias...

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"No teatro antigo (e este uso estende-se ainda nos dias de hoje), merda era utilizada na linguagem entre artistas de teatro para desejar boa-sorte antes da entrada em cena. A expressão nasceu da língua francesa, merde, provavelmente no século XIX ou século XX, pelo fato de o público ter acesso à casa teatral por meio de carruagens a cavalos que, muitas vezes, amontoavam fezes em suas entradas; com ironia, a expressão correlacionava o fato de haver "muita merda" na entrada do teatro ao desejo de se ter também "muita sorte" em cena.
Devido à raiz latina, a palavra merda encontra termos similares ou iguais em outras línguas, como merda em italiano, galego e catalão, mierda em castelhano e merde em francês."
Fonte
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editor
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domum

esse poema cresceu inseguramente
na confusão da carne
posso ser bastante despistado
mas consigo ver melhor
outros
de olhos bem fechados
do que você de olhos bem abertos
a origem é o alvo
é um temperamento ser distante.
nunca tive um projeto.
engessado no osso. tive contradições
que me começaram a entender
todas as minhas preocupações que
se resumem a letras e expressões
raiva raiva raiva raiva medo
que fica sempre no final
na porta da frustração
do lado de dentro
as janelas abertas são a única coisa que salva
os desejos escapam por ali
então
as coisas são o que quase são
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quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

das precipitações...

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"...enquanto a maré recuava,
revelava-se um segredo para poucos..."

Aldo Cassiano
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urbano
urbano
urbano
demasiadamente
urbano


é estranha a chuva
nessa cidade
molhada pela graça da poluição -
não há oração
ou reza brava
que possa parar
tanta água
de afogar de provocar de arrancar
tantas mágoas
tão profundas quanto morte e
perdas e tantos buracos estranhos
nada perdoados na lama
dessa cidade tamanha
que anda sob a chuvarada
com muita falta de sorte
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quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

das conjunções...

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"vida de poeta é difícil!
estar prenhe constantemente de novas
maneiras de agrupar letras sílabas
dá um trabalho danado! não há musa
não há hit há busca pela palavra perfeita
sem esmeril ou material de ourivesaria,
antes de cutelaria: afiado o instrumento
que melhor convier, pede-se ao poeta
que pouco grite que o poema já está
para nascer."

Hernany Tafuri
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ajuntamentos
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ajuntamento
.......................inspirado pela música de Carlos Galdino

é tudo uma coisa só
a conta o corpo a canção
avião passarinho pena
tudo no mundo que dá dó

é tudo uma coisa só
o ouvido o brinco o brinquedo
senso sentido segredo
dentro de um silêncio só

é tudo uma coisa só
a noite o dia a dançalegria
esquecido sumido escurecido
o medo da vida virar pó
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terça-feira, 4 de janeiro de 2011

das habitações...

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"A criação poética é um mistério indecifrável,
como o mistério do nascimento do homem.
Se ouvem vozes não se sabe de onde e é inútil
preocupar-se de onde elas vêm. Como não me
preocupei em nascer, não me preocupo em morrer.
Escuto a Natureza e ao homem com assombro,
e copio o que me ensinam sem pedantismo
e sem dar às coisas um sentido que não sei se elas têm.
Nem o poeta nem ninguém tem a chave e
o segredo do mundo. (...)"

Federico Garcia Lorca
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double favela
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locus

reside onde
a vida tem dessas vitrines
mas só um lar ao que parece
mesmo nos dias de inconsciência
o lar definitivo
o lar repentino
o lar que a poesia oferece em si
é o lar único
refúgio de escolha
onde palavras encolhem o sono
e bem escondidas
insônias de verbos
se organizam
em portas janelas entradas saídas
secretas:
nesse lar aberto
feito oceano
flutua
minha
tanta
poesia
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segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

dos instrumentos...

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"eu não sou um instrumento
sou a mão que age e o gesto
que consuma"

Tatuagem - Walmir Ayala
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meeting birds
foto by Gabriel de Souza Rodrigues
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cadencontro

para encontrar pássaros
azul
para encontrar passos
descalço
para encontrar outros
verde
para encontrar ostra
água
para encontrar tempo
ponteiro
para encontrar vento
moinho
para encontrar olhos
óculos
para encontrar motivo
vivo
para encontrar comigo
amigo
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das interferências...

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"que a força do medo que eu tenho
não me impeça de ver o que anseio."

António Amaral Tavares
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timeline
@karvel
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sábado, 1 de janeiro de 2011

das citações...

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"Do dia 3 de fevereiro de 2011 ao dia 22 de janeiro de 2012,
teremos a influência do Coelho de Metal no Horóscopo Chinês.
Um ano mais tranquilo, calmo e benéfico após um ano agitado
e instável que o Tigre nos trouxe.
Segundo os Chineses o ano do coelho é reconhecido por trazer a PAZ.
Simboliza a graciosidade, as boas maneiras, os conselhos sadios,
a bondade e a sensibilidade à beleza.
O coelho é extremamente afortunado no negócio e em transações financeiras,
favorecendo muito quem realmente quer crescer em 2011.
Devemos prestar atenção a tudo que se passa à nossa volta,
para não perdermos as boas oportunidades.
É importante não se esquecer de cumprir as regras e os regulamentos.
As leis e a ordem serão a máxima neste ano.
Teremos um estilo de vida cheio de lazer.
Ano temperado, mas em ritmo lento.
Pode-nos parecer possível ser feliz sem demasiado esforço."

Fonte: Abraços Dobrados
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"A vingança da poesia é essa:
é ela ser maior que a gente."

Adélia Prado

"Ser poeta não é uma ambição minha.
É a minha maneira de estar sozinho."

Julio Daio Borges

"Ontem choveu no meu futuro."
Manoel de Barros

"O que em mim está pensando é o que em você está passando."
Julio Carvalho

"A poesia é fruto de um silêncio dentro e entre as pessoas."
Alfredo Bosi

confessionário
para Tamiris Balieiro

não pedir desculpas pela vontade de ser palavra
não se entristecer com a morte dos delírios
respeitar a liberdade do fogo alheio
não se entristecer com a morte dos lírios
entender que alguns ruídos são intraduzíveis
perceber os espaços imperceptíveis
as beiradas as portas os cantos das calçadas
permitir se desprogramar sem remoer as palavras
poder amar o quanto puder sem culpar o corpo
mais
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