sexta-feira, 12 de novembro de 2010

das entregas...

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"Não amava o amor. Nem as suas provas.
Amava sua engrenagem. A urdidura
do palco, o holofote cego
com a possibilidade da luz.
A cortina caindo em pano rápido
na boca de cena, sob o coração imaginário
artificial e monitorado, diverso
daquele que batia dentro de si:
sem controle — na bela e na fera."

Fotografia - Armando Freitas Filho
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negative love
negative love by Julio Carvalho
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cadafalso

o amor não faz nada a perder
não tem nada a temer
ter meter os pés pelas mãos
não acontecer pelos pedidos
recursos e rezas e promessas
de quinta categoria
de segunda a domingo
nos horários nobres
ou no horário comercial
ou entre os pratos comerciais
quem dera amor não sabe que espera
muito
e na verdade o amor não é comercial
não é televisível
não é um míssil
que anda por aí desgovernado
o amor nem anda
ainda é sumido
(não tem nenhum cartaz de "procura-se" nas ruas)
acha-se
mente-se
entrega-se
estraga-se
deleta-se
o amor anda apagado ando apagando das coisas
andam apagando
andam sem amor
chorando
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