PRATICAMENTE HOJE
os meus dias são cercados por farpas
ou alegrias
é dessas pontas que o meu coração fala
calculo o ritmo
exato
para dividir com meus amigos
aos poucos
se eu soubesse atravessar o branco
para não adormecer nos muros
acordaria
leve
sigo a herança dos poetas:
os deuses que me perdoem
tanto abuso
pousada está a palavra na fonte
deixo solta
para o silêncio mais puro
acontecer
poesia
"EU SOU UM EXERCÍCIO EM PRIMEIRA PESSOA"- Uma reflexão sobre o ato de existir e escrever.
Você já pensou?
Quantas pessoas a gente é durante um dia da nossa vida?
A gente acorda preguiçoso, fica ágil durante o dia e acaba quase sempre cansado.
E tem que se confrontar com tanta coisa pela frente e ser e fazer e ter todo tipo de coisa.
Ser meio louco, ser doido, ser são, ser dono, ser ladrão.
Dá vontade de mandar tudo pros ares mas a gente mantém as aparências.
Faz cara de paisagem pra manter a razão.
E não é fácil a gente ser a gente mesmo.
E quando a gente tem que ser a gente mesmo?
Dizer o que pensa, ser sincero...
Os estragos que a gente causa sendo a gente mesmo.
E durante a vida então?
A gente é uma coisa, um personagem diferente em cada fase da vida.
É preciso ser todos ao mesmo tempo sem perder o um
e sem perder o meu exercício de ser eu mesmo.
E como escritores então?
O escritor tem o poder de ser ele mesmo e de ser os outros.
Todos os outros.
E a gente brinca com essas pessoas todas o tempo todo.
(ao som de How Six Songs Collide - Norwegian Recycling)
4 comentários:
Parabéns, Júlio. "Praticamente hoje" foi um dos melhores poemas que li nestes meus passeios pelos blogs. E mais: visualmente, sua página está muito agradável de se ler. Um abraço.
Por que não sermos nós mesmos...
Ninguém vai conseguir agradar a todos mesmo. Mas a tolerância, respeito, faz com que aceitemos com amor a individualidade de cada personagem dessa existência.
Todos os dias os temas são diversos e nem sempre somos capazes de sermos geniais, mas com certeza nossa experiência sempre servirá a alguém.
Adorei te conhecer!
Beijo carinhoso
Aline
Querido Júlio,
se mil desculpas tivesse,
muita culpa ainda teria...
Como pude perder de vista,
Sua fonte de alegria...
seus poemas mais amados,
no papel amarelado-lindo-livro!
Estava, já, desesperado revirando a casa, atrás de seu livro, quando vi a mensagem no meu blog. Fiquei tão desnorteado, pensando na perda do Sarau, querendo participar, que acabei deixando-o na sala, na minha cadeira...
Que vergonha!!!
Terça-feira me desculpo apropriadamente!
E antes que eu me esqueça, Gostei muito dos poemas, mas, aproveitando a pauta do blog do Bruno, sobre como fazer bons títulos, ACHEI SEUS TÍTULOS MUITO MUITO BONS, MESMO, criativos, perspicazes!!!
Parabéns pelo blog!
Abraços, João
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