"o poeta me disse
que o silêncio é uma lição valiosa.
que na pressa do mundo não cabe a poesia
& que a natureza tem múltiplos disfarces,
mas um único gesto para a liberdade das aves.
que o silêncio é uma lição valiosa.
que na pressa do mundo não cabe a poesia
& que a natureza tem múltiplos disfarces,
mas um único gesto para a liberdade das aves.
o poeta me disse
que este mundo anda viciado nas próprias sombras.
que a língua dos homens é uma lâmina de ódio
& que da areia que cobre os sentidos
brota uma paisagem arcaica de cactos raivosos.
que este mundo anda viciado nas próprias sombras.
que a língua dos homens é uma lâmina de ódio
& que da areia que cobre os sentidos
brota uma paisagem arcaica de cactos raivosos.
o poeta me disse
que um dia também cultivou na pressa sua voz,
mas um calendário de vazios o puxou pelos cabelos
& lhe mostrou que nas pedras do caminho
habitavam ensinamentos perdidos.
que um dia também cultivou na pressa sua voz,
mas um calendário de vazios o puxou pelos cabelos
& lhe mostrou que nas pedras do caminho
habitavam ensinamentos perdidos.
o poeta me disse
que o ato da paciência evita golpes imprecisos.
que é pela visão que a sabedoria primeiro se achega
& que o peso do voo é mais leve que a pena
que empluma o olho do vidente em seu sonho.
que o ato da paciência evita golpes imprecisos.
que é pela visão que a sabedoria primeiro se achega
& que o peso do voo é mais leve que a pena
que empluma o olho do vidente em seu sonho.
o poeta me ensinou
que na peregrinação há riscos muito maiores,
mas que somente assim é possível aprender o tempo
& voltar-se mais vivo à bagagem de afetos."
que na peregrinação há riscos muito maiores,
mas que somente assim é possível aprender o tempo
& voltar-se mais vivo à bagagem de afetos."
lições sobre o silêncio
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metodologia devida:
rola uma preguiça
quando alguma coisa
enguiça
quando alguma coisa
enguiça
resisto
como cacto
que floresce
em pacto
co’a essência do chão
como cacto
que floresce
em pacto
co’a essência do chão
calor. cai a tarde.
um foco de fogo in loco
e toda a cidade arde
um foco de fogo in loco
e toda a cidade arde
os dedos aflitos
dos galhos do meu sobrenome
buscam o infinito
dos galhos do meu sobrenome
buscam o infinito
a incoerência
causa
um nó
na
garganta
causa
um nó
na
garganta
vivo em conflito
tentando a calma
mas a minh’alma
busca sempre o agito
tentando a calma
mas a minh’alma
busca sempre o agito
"O caos, meu pai dizia, é um menino segurando um balão de ar vermelho em uma chuva de cometas. O caos, dizia a minha mãe, era um exército tomar a sua cozinha e acampar sob a mesa. O caos, descobriria, era o mundo escorrer entre os meus dedos e eu não saber montá-lo. Mas quem acreditaria que o mundo se desfaria?"
Mariel Reis
dai-me
paciência
dai-me
flores
por essas
difíceis
bocas
paciência
dai-me
flores
por essas
difíceis
bocas
tempo de irritar
silêncios
silêncios
(devoro presságios para esquecer do futuro)
– o tato é um garoto obsceno
desnudo
contemplo os fragmentos dos corpos
e a visão do infinito
como
pele
como
posso
como
possuo
"Há mãos que procuram por gestos. Rostos que marcam cartografias de sentimentos por entre dias e lugares difusos. A vida, um cenário que alterna o estático e o dinâmico, a fuga e a presença das cores. Onde a capacidade de se vislumbrar além dos espaços naturais de alcance imediato? Onde um fôlego de poesia em meio à massa cotidiana de intervenções humanas?"
Fabrício Brandão
Fabrício Brandão
eu sou áries
mas tenho
um zodíaco
de signos luminosos
um zodíaco
de signos luminosos
me espalho
com minha
subjetiva
fluidez
com minha
subjetiva
fluidez
lembre-se das sutilezas
da dança
do
olhar
da dança
do
olhar
fricção
vida sem frio
sem freio
veias abertas do lado
de
fora
sem freio
veias abertas do lado
de
fora
o que dói
nem sempre
é lido
nem sempre
é lido
os pés tem a memória
do chão
do chão
absinto em mim
coágulos de outros
coágulos de outros
retirem a carne deste corpo
que de corpo
sequer corpo é
e exponham ossos
pelas ruas do hoje
onde ninguém sabe
não cabe
sua vontade de ser gente
que de corpo
sequer corpo é
e exponham ossos
pelas ruas do hoje
onde ninguém sabe
não cabe
sua vontade de ser gente
nesse calor
"não serei vossa sobremesa nesta curta temporada no inferno"
(Roberto Piva)
(Roberto Piva)
de bordo
aero
planos
aero
plenos
pulmões
planos
aero
plenos
pulmões