quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

dos meridianos...

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“todo mundo encontra o que lhe diz respeito no Templo: 
os camponeses veem galinhas e frangos; 
os cientistas, os signos do zodíaco; 
os teólogos, a genealogia de Jesus; 
mas a explicação, a razão, 
só os competentes conhecem, 
e não devem ser divulgadas.”

Gaudí - hermetismo


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vim da Fênix do próprio Inferno de Dante não procuro nenhuma amada ou amado procuro um quadro ou moldura para me desajustar o justo não me pertence e o que me aperta incomoda o incômodo do agora é um branco eu mudo a cor de propósito vermelho verde siga permanentemente persiga a palavra precisa o tempo é o que importa? atrás de cada relógio um ponteiro perdido eu me perco na demora das coisas até que se eu me dispusesse assim a dançar como escrevo seria uma dança eterna um poema nos pés amarrados com as linhas das palavras como cadarços soltos no perigo de um tombo se pode ser assim com um corpo cada corpo vivo porque não pode ser com as palavras? cada palavra um membro cabeça troncoração fígado rim meus deuses quantos corpos quantos deuses e nenhum reza por mim? eu sou só um coração será que na dança das palavras onde rezo os deuses me inspiram e recebo ordens da musa da intuição? se são só perguntas esclareço até onde eu vejo vermelho fogo pego num verde sigo e cresço já é a página terceira e um terceiro olho não veio já sem óculos revejo e penso em ler todo o texto mas tenho que continuar com as palavras ensimesmadas escapando do que me consome mas saem em disparada como frutas no papel carbono-mácula esse pomar que toma conta feito erva daninha mas na verdade queria um incêndio para acabar com o que me afronta depois de tudo isso eu paro por minha conta porque escrever também tem horas que desaponta (pausa para a água)





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dorgas
é uma questão de lertas

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não saber se está a se completar 
ou a  se consumir
contradizer
o enrubescer sobre o alaranjar
em que paira o escurecer que trovoará
ou que já terá se acalmado
contrapor
confundir pelo vibrar que colore
confrontando o estável estar
que o contorna
solar e lunar de uma vez
queima e apaga num só
dentro
flamejante
vermeluz
ilumina
expandindo para fora
ao redor
cresce
ensombreado
ao emergir
tensionando
enegrecer
um pulsar-obscurecer
que acalenta
atrás, para frente
vermeluzir
contínuo
amparando  que assombra
e escora o que brilha
tênue diferenciar colorido
deixa-se perceber
ondulado
corpóreo
entre vermelhidão
e escurecido
amarronzado
limítrofe traçado transforma
a corpulência
em um encadeado
montanhoso
rochoso
quem sabe
torna-se progressivamente
mais escuro para encontrar-se
com o iluminado
intenso
impetuosamente despojado
disforme
manchado
incisivamente desprendido
do fulgurante linear
livre na espaçosa alvura
ascendente nebuloso
como um pesado
brumado
solto ao esmo
fugitivo do constante
anoitece afundando
através do que neblina ao redor
crepuscular turvo
recobre-se pelo incandescente
ocaso
pincela e recobre sem olhar
ao redor
terrosa
quase esfarela-se
adensa e infla
interrompe o expandir
como se minguante
fosse
amanhece graúdo florescer rosáceo
ou vibratório
gerador de ondulante sequencial energético
quase concêntrico
o espiralado cheio de amarronzado
terroso do natural
o insistente arredondado
irremediável
inconclusivo
abstrato
porém passível
de múltiplos
interpretativos
figurativamente
claro
outro lugar
do branco
algum espectro indizível
a luz indomável
a terra clama cores
pela águarco-íris
tramada horizontal
interrompida/
ferrosa/
rítmica/
sugestiva/
dinâmica/
intermitente
ao mesmo tempo
massiva enegrecida
estruturante
quase vertical
mas inclinada em arco
e intercalada
em agitados escarlates
fatiado/
lacunar/
central/
entre vertical e horizontal
desposicionado
de propósito
que agora semi-recorta
circulando discreto
espiralado
arredondado
em elipse
delineado
pelo que falta
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