quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

dos azuis...

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"A poesia não quer adeptos, quer amantes." ;)
Federico García Lorca
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eu não limpo as coisas
sem pranto interior
sem introversão

este que tenta inteiro na vida
fez do ter e do céu seu ser profundo
e mantém com serena lucidez
que tenta
aberto seu olhar e posto sobre o mundo

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a poesia parou
deve ser o calor

a poesia voltou
deve ser porque
refrescou

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Solilóquios
(aos modos dos cadernos de minha mãe)
Não há mal que não traga um pouco de bem, e por isso é que o mal é útil, muita vez indispensável, alguma vez delicioso. (Machado de Assis)
Um monge e um açougueiro brigam no interior de cada desejo. (Emil Cioran)
As pessoas boas dormem muito melhor à noite que as pessoas más. Claro, durante o dia as pessoas más se divertem muito mais. (Woody Allen)
O crime não compensa? E de que é que vivem carcereiros, policiais, fabricantes de cofres, advogados e juízes? (Millôr Fernandes)
Não há nada pior que o ressentimento dos medíocres. (Jorge Luis Borges)
Amor, amizade e respeito não unem as pessoas da mesma forma que o ódio comum a alguma coisa. (Anton Tchekhov)
Quando um homem quer matar um tigre, chama a isso de esporte; quando é o tigre que quer matá-lo, chama a isso de ferocidade. A distinção entre crime e justiça não é muito grande (George Bernard Shaw)
Um crime bem sucedido e favorecido pela sorte é chamado de virtude. (Sêneca)
No pessimista se combinam uma bondade ineficaz e uma maldade insatisfeita. (Emil Cioran)
Muitas vezes fazemos o bem para impunemente podermos fazer o mal. (François de La Rochefoucauld)
Todos os homens são fraudes. A única diferença é que alguns admitem isso. Eu mesmo nego. (Henry Louis Mencken)
Há uma exuberância na bondade que parece ser maldade. (Friedrich Nietzsche)
Há muito tempo cheguei à conclusão de que quase todo crime se deve a um desejo reprimido de expressão estética. (Evelyn Waugh)
O crime de pensar não implica na morte. O crime de pensar é a própria morte (George Orwell)
O médico vê o homem em toda a sua fraqueza; o jurista o vê em toda a sua maldade; o teólogo, em toda a sua imbecilidade. (Arthur Schopenhauer)
O mais irritante no amor é que se trata de um crime que exige um cúmplice. (Charles Baudelaire)
Não é que o crime não compensa. É que, quando compensa, muda de nome. (Millôr Fernandes)
O tambor faz muito barulho, mas é vazio por dentro. (Barão de Itararé)
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odeio o vulgo profano
e mantenho-o longe
e a dificuldade de acreditar nas pessoas
- cada vez maior 
e as decepções 
– cada vez maiores
tornam-se infinitas
só nos próximos se equivalem as verdades
e ainda assim
corre-se o risco de não corresponderem
então o isolamento perde referência
e o pensamento
cede
ao silêncio
/
já se forma a imagem de um universo 
onde ninguém mais terá direito 
a verdade
alguma

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envelheceu-se
envelhe-ser-se
envelhe céu 
de
nuvens

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se toda a verdade encontrada
dependesse do amor
a vida seria nada
o amor precisa de provas
de línguas e beijos e brumas
só o tempo descobre o amor
antes que a paixão acabe
em
chuva
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emudeço
contemplo
elas não mudam
(as pessoas)
tudo o que é instante
tudo o que é traço
repasso adiante
não disponho de velharias
para contar
disconto mentiras
daquelas que nunca serviram
ouço os avisos dos dias
às vezes me atropelo
outras vezes me desvio
em cada esquina gente cidade
uma urgência
a pressa é dos outros
eu
aparência
breve
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"a pressa é inimiga da perfeição"
disse a lebre à tartaruga
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eram tantos marinheiros 
eram tantos navios 
que em algum momento 
eles tinham que se encontrar
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declaração
gostaria de declarar q eu sou poeta
q não conheço nenhum poeta de verdade
e isto é um rabisco
e q eu nem sei mesmo o q é um rabisco
e q muitos rabiscos são um poema chato
e q o tal de eu lírico é um outro poeta quadrado

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a esperança 
é a última 
que
move
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a sobra do homem
/
a sombra do homem
reflete seu interior
entre a sombra
e o homem
o espaço 
o tempo
poesia que escapa
mata
e
parece horrível que a luxúria e ira
cortejem a minha idade
antes não era assim
que mais eu tenho
que escrever
até
sangrar?

com Raffab Ajá.

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"Você olha um relógio. 
Ele funciona, mostra as horas. 
Você tenta compreender como ele funciona e o desmonta. 
Ele não anda mais. 
E no entanto essa é a única maneira de compreender…"
— Andrei Tarkovsky
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desapego
é aquela coisa
que todo mundo
diz que vai fazer
e meia hora depois
esquece
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amor é uma opção
afrodisíaca
/
como uma banana 
por 
exemplo
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poeta 
bom
não faz
romance

poeta bom
faz com que a palavra
dance
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fod /
a palavra
é uma reação 
crítica
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egometria
claro que eu me importo com os outros
principalmente quando 
reparam 

em
mim
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eu tenho orgulho
de ser
a faca
ou a agulha
atravessada
na garganta 
de alguns
/
e o que me atravessa
retalho
de bordo
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o melhor da vida 
é feito 
quando você perde a linha 
e não se corta

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Ato I
"sexo para mim é consequência" 
dos atos
no

quarto

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vamos infestar 
/
infernizar
o céu 

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estava me recuperando
da poesia
in/
fartada


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entre azuis

a esperança é a última que morre
a primeira é a paciência
e ali no meio do caminho
o bom senso

"nada a ver com gramática estética ,
ética ou métrica
escrevo porque em mim palavra
é fio desencapado é elétrica"
Edson Cruz

astrologias aparentes Intransponíveis diabos armados & santos pecadores da divina luz do anjo sci-fi no armagedom tecnológico da inexatidão do ano da zebra psicodélica. um anuário enraizado num zoológico intransponível astrologicamente
con
sidera
velocidade

tesão
eu abraço muito quando quero morder

você só percebe um pássaro quando tem asas
/ você só percebe poesiæ poeta quando voa
e o dia foi numa alcatéia de mansos lobos
/ toda verdade posta à prova infinitesimalmente

onde exatamente me faltaram os olhos?

identidade de gênios
misandria misoginia
é tudo alegoria
quanto menos se querem mais se gostam

invento lunar no calor eu gosto de vento em todo canto aos quatro ventos sou de brisa crescente e às vezes de lua cheia raramente minguante mas gosto de coisa nova
bota flor onde não tem que eu me arrependo bota cor onde não veem que eu me surpreendo a flor morre a cor no corpo vira tatuagem eterna

copio o que me faz falta para ter de bom amanhã mesmo que eu esqueça
adornos poéticos
que venha pelo resto do ano venha apenas com essa espécie de perturbações adornos não transtornos se houverem outros a gente lava a alma com banho de sal grosso e plantas poderosas atrás das portas comigo-ninguém-pode nem comigo nem conosco essa é forte contra quem nos rouba qualquer sorte
orbitar o silêncio observar

poeta não é preferência ė essência

cœxistir existir é reinterpretar existir é transcender interpretar para existir existir é agora

críticas atrozes e dúvidas mordazes

existir é reinterpretar

a gente cresce
as diferenças viram potências
as brigas viram conselhos
a distância vira parceria
até saudade
e o medo?
ah! o medo
o medo a gente esquece
ou aprende
ou vence

mas o que eu queria ser mesmo?




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