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eu ao contrário - Julio Carvalho
marcha
provenho ventos em
matilhas
devoro cem feras em
repouso
faço da noite uma
escolha
enfrento
revoluções de ideias
ventos
ladrões de uma
quadrilha
- pensamentos
que depois do crime
participam de um
jogo
furtivo
um fóssil no
peito
eu abri dores
eu agridoces
eu escavei
fundo na causa e na alma
estive em caos
e em casos perdidos
encontrei ossos
não de outros
os meus enroscados
nas veias e vísceras
entre os espaços
desenterrados
são os ossos do ofício
de desalmar
eu abri dores
eu agridoces
eu escavei
fundo na causa e na alma
estive em caos
e em casos perdidos
encontrei ossos
não de outros
os meus enroscados
nas veias e vísceras
entre os espaços
desenterrados
são os ossos do ofício
de desalmar
adentros
I
não sou do tempo de hoje ontem agora neste exato momento sou
amanhãs
- sou alguém sem saber onde ir
onde ficar
onde fincar
II
a vida é clichê
a vida é chiclé
a vida gruda quando mascada
ou mascarada
e faz bola
estoura
depois cospe
era o que faltava:
cuspir
só não pode cuspir para cima
senão a vida volta na cara
.