quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

dos isolados...


.
"Na selva dessa paisagem, 
no centro de sua arena, 
age a força do poema, 
meu objeto selvagem." 
Mário Chamie
.





















JOGO POÉTICO

o poeta sai a campo
e faz gol contra

outros casos isolados:

se saio na rua
não levo guarda-chuva

e na tempestade,
raios!
(me molho)

desce aqui, cinza, desce
do cigarro
compondo no cinzeiro
o epitáfio

"no porre sou
no porre estou
divino fui
não sei quem sou

porém quem era

morreu, passou
e hoje espera
quem despertou"
Adaptado de Lúcio Cardoso

ontem
o crucifixo
era um poste
pintado
(atravessado pelo branco)
do outro lado da rua

aqueles dias
em que o abandono
é coisa das ideias

as flores fazem um tremendo sacrifício para embelezar a morte

ego dos trovões:
a chuva, de repente,
vira tempestade

matar o amor
é o mesmo
que falta d'água:

a sede insiste

todos nus
na vida vazia o vento
assobia blues
.

Nenhum comentário: