segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

do inexistente...


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“vou no verso curto
porque é assim
que me sinto: verso"
J. Castro
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estudo do poema
(adaptado de Zbigniew Herbert)
o mais belo
é o poema que não existe
ele não serve para carregar água
nem para preservar as cinzas de ninguém
não foi apanhado num riacho
nem nele alguém se afogou
de orifício, nenhum resquício
pois é completamente aberto
visto
de todos os lados,
quase não é
previsto
os feixes de todas as suas palavras
se encontram num jato de luz
nem
cegueira
nem
morte
podem roubar o poema que não existe
o que se tem agora
é um espaço vazio
mais belo que o poema
mais belo que o lugar que ele deixa
é o antemundo
um paraíso branco
de possibilidades
lá você pode entrar
gritar
pra todo lado
podemos parar aqui
de todo modo já se criou um lugar
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