quarta-feira, 12 de setembro de 2012

das velas...

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"Um texto nada é sem alguém que o escreva, sem alguém que o leia. 
Ele não existe além do pensamento. 
Inventado e logo morto, à espera que a mente o reinvente, 
noutros olhos, noutro parecer. 
Nasce e morre tantas vezes, sempre que abro ou fecho um livro, 
de cada vez que te lembras ou esqueces alguém. 
Os textos nunca chegam a sair de dentro. 
Afloram a periferia, de boca em boca, olhos nos olhos, 
para serem de novo engolidos na abstração. 
Talvez por isso não façam sentido os direitos de autor, 
as ideias patenteadas, a sabedoria pessoal. 
 A ideia de que é possível separar uma parte do todo. 
O efeito da Causa. 
Um texto nunca se emancipará, coitado, por mais que tente. 
Podemos acreditar que sim, 
e isso é tudo o que ele necessita para pensar que existe. 
Pensar que andamos por aí."
DuArte 
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  outra mira luzoutra mira luzoutra mira luz
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facção

fogo
fogo
fogo
o que eu direi do fogo
da arte do fogo que me consome
do resto de mim até o sexo
eu faço um apelo
que a memória cause o seu próprio incêndio

(aqui na medula onde nasceu esse espinho de memória)

seja esse o veredito
pelo ódio que me arrasta
que o outro lado da memória se apague
que seja tudo remendado no sopro das cinzas
que se torne cinza
as cinzas de tudo arremessado
à fornalha do meu corpo
amém

...daí então um anjo nasce feito cicatriz
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