sexta-feira, 14 de outubro de 2011

da autossuficiência...

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"Cansei do inabitado
Da brutalidade obscura
Do não reconhecer."

Natália Barros
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trespass justice
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Autossuficiência é o medo do sofrimento.

As pessoas se sentem autossuficientes porque não querem envolvimentos reais. Não querem comprometimento e correr o risco de se deparar com o desconhecido do outro e o desconforto com as decepções, as ausências e seus descontroles. Por isso preferem se manter longe de tudo criando um abrigo autossuficiente de proteção. Esquecem que algum risco é necessário e da necessidade de se deixar levar pelo outro. Usar a humildade como aliado sem se vitimizar, pode ter resultados surpreendentes. Aceitar que se é humano e saber quando pedir ajuda é uma das coisas mais intensas e corajosas de um poder ser mais humano. Não é uma atitude fácil. Mas é só assim que poderemos encontrar o verdadeiro carinho que muitas vezes não sabemos que está por perto e o ignoramos pelo fato de nos sentirmos deuses de nós mesmos.
E os homens enquanto deuses são falhos.
Julio Carvalho

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"quando não for mais tão tarde, tão rápido, tão tanto, então haverá uma curva no ar e a respiração demorará mais tempo para perfazer seu ciclo.
Noemi
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"O universo conhecido tem um amante completo e que é o maior dos poetas. Ele absorve uma paixão eterna e é indiferente a que acaso vem a ocorrer e que possível contingência de ventura ou desventura e persuade dia a dia hora a hora seu delicioso pagamento. O que perturba e choca os outros é o combustível para seu progresso ardente rumo ao contato e à felicidade amorosa. Outras proporções da recepção de prazer ficam menores diante das suas. Tudo que vem dos céus ou das alturas está conectado nele através da visão do amanhecer ou de uma cena dos bosques de inverno ou da presença de crianças brincando ou de seu braço em volta do pescoço de um homem ou de uma mulher. Acima de tudo seu amor tem lazer e expansão.... ele deixa espaço diante de si. Ele não é um amante indeciso ou desconfiado... ele tem certeza... ele rejeita intervalos. Sua experiência e as chuvas e os arrepios não são à toa. Nada o choca.... nem sofrimentos nem as trevas – nem a morte nem o medo. Para ele as lamúrias e o ciúmes e a inveja são cadáveres enterrados e apodrecidos na terra.... ele os viu enterrados. O mar não tem mais certeza da praia ou a praia do mar do que ele tem mais certeza da fruição de seu amor e de toda perfeição e beleza."
Folhas de Relva – Walt Whitman
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