segunda-feira, 13 de março de 2017

dos observadores...

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"Amor é a gente querendo achar o que é da gente." 
Guimarães Rosa
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Azul das Flores project
























- a conquista vem naturalmente
- não conquisto nada
a maré me consome
sigo as ondas...
- conquistar é natural
você consegue se consumir deixando a maré te cadenciar
te levar
sem forçar contra ela
- exatamente:
o ser conquistado é ilha

unhas

não quero a frase já cantada
quero exclusivas frases sinceras
sem um ponto frio
sem usar ou ousar
do outro o que cabe a você
quero a verdade
a decência de pronunciar
o desejo de amar
 com ditas palavras próprias
a querer da inocência
a indecência boa
não quero cópia
clichê
nada do comum
quero o que venha a ser surpreendente
aceito uma frase que seja necessidade consentida de ouvir
de jeito bonito
simples
no ato
imediatamente
que provoque emoção:
te amo!
isso incorporado
choro
sinto-me arregimentar carne com unha
o pão e a manteiga
rua e ladeira
o café e o leite
 eu a você
tudo o que combina
sem ter separação
se tem
porém
não é admissível
quero e digo que quero
o mais belo e terno
inovado conceito sobre tudo
a vida dividida
incrível
ao seu lado


quem não cede
não treme

se

no dia em que for mais feliz
eu me entregarei
na retina
de uma alma
até lá não saberei
onde encontrar o
seu corpo
nem o seu
tempo-coração
ao longo do
canal
de minhas
entranhas plenas
escrevo longas
cartas para
ninguém que
me reconheça
ou
poemas
em desvio
em algum cais
não quero suportar
como o tremor
de apenas
supor algum
abandono
de
âncora
onde exatamente
guardei o
meu destino
destituído
de senãos?
esqueci
que o destino,
quase sempre
me quis só
olhando o mar
rente ao horizonte
anunciador
do sol
barcos embriagados
de circunstâncias
remotas
mar
que de tanto sal
conservou
as
ondas
da existência
em alguma maré
futura
onde foi?
fomos?

pedir desculpas por certos desejos
não me faz desejar menos

esquecer
não-pessoas
me faz
são

"o homem é o mesmo
em pé ou deitado
na dimensão de qualquer
pedra"
































linhas

amarras tanto em definições
quanto propriamente ditas
são bem difíceis de explicar
de soltar
de isolar
passamos anos
tentando nos livrar
de várias coisas
que acumulamos
com o passar dos anos
parece uma conta
(infinita de coisas)
que nunca terminam
e viram um emaranhado de amarras
(bem feitas)
às quais muitas vezes mal nos deixa respirar
ás vezes elas estão tão presentes
que se soltar delas
gera um medo apavorante do depois
do que seremos sem elas
às vezes não as percebemos
vivemos vidas
sem saber
o que realmente somos
ou podemos fazer
e esse tipo de amarra é bem comum
ela é gritante aos olhos alheios
mas invisível ao que vive
é muito difícil admitir amarras
pois ao admitir que elas existem
vem o temido medo de se soltar
(quando se dá um nome ele acontece)
admitir às vezes
significa deixar alguém para trás
deixar alguém caminhar a sua frente
pode significar términos terríveis
ou começos apavorantes
podem ainda significar deixar de ser
mesmo assim com todos os contratempos
há uma lenda que diz que se soltar é a melhor escolha
eu...
acredito
ainda não vejo muitas das minhas
outras já identifiquei
e sigo tentando desfazer o emaranhado...
às vezes consigo
outras crio novas
às vezes pensam que elas me tornam eu
aí lembro que fui eu tornei todas elas possíveis
reais
quando esqueço o que estou fazendo
tento só não parar de respirar...

"Quem ama inventa as penas em que vive;
E, em lugar de acalmar as penas, antes
Busca novo pesar com que as avive.
Pois sabei que é por isso que assim ando:
Que é dos loucos somente e dos amantes
Na maior alegria andar chorando."
BILAC, Olavo. VI da "Via-Látea". 
In:_____. Poesias. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1916.

"preferimos el silencio para negar el ruido"
Ling Cheng

preferimos o silêncio
para chegar
ao ruído

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