terça-feira, 14 de maio de 2013

dos itinerantes...

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"vida de gato em um mundo cão"
Julio Carvalho
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Rosie-Hardy_9
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conversas itinerantes
Vinícius Miranda

..............................(interceptado por Julio Carvalho)

sou um filme eternamente clichê
cheio de lugares comuns
e cheio de sentimentos comuns.
como um poeminha clichê:
"no meio do amor tinha um clichê
tinha um clichê no meio do amor"
sinopse: 
a vida acidentada de alguém em busca do reconhecimento pessoal 
através de fragmentos morais 
lidando com a solidão de uma nova responsabilidade social e seus desejos de interação
tudo bem clichê
adicionado de desejos estranhos
insanos
talvez aceitar um copo de veneno e uma desculpa qualquer 
de como o mundo engole as pessoas inteiras
talvez seja precioso
um ficar só necessário
caso
mais alguém me dizer que eu sou forte 
ou que eu tenho de ser forte
vou chorar um mês inteiro
com a impressão  de que as pessoas estão me empurrando para frente 
mesmo que eu diga que talvez  não queira ir
aí então
eu vejo os  homens
- do que são feito os homens?
- são feitos de água e sal.
e sabe pra onde foi todo meu amor próprio?
para todos os lados
todos os sentidos
e juntar está dando muito trabalho
talvez de água e sal falte açúcar
falte interesse
se tem algo que eu sou bom nessa vida 
é enrolar o meu desinteresse 
até que ele pareça interessante
no fundo eu sou uma senhora trintona meio a lá Hollywood 
querendo que o amor me encontre nos lugares mais improváveis
só para poder provar que o amor existe
e claro, depois cuspir que nenhum outro homem me fez feliz
porque é uma frase clássica
mais um clichê
então me vêm as escolhas
quem realmente escolhe?
tenho a impressão de que no fundo quem escolhe sou sempre eu
uma vez uma mãe de um amigo me disse uma coisa: 
o histérico ou mulher é sempre quem escolhe
é sempre quem quer ser seduzido e rejeita ou aceita.
sou mesmo uma mulher trintona brincando de amor
muito surreal
uma mulher de fases circunspecta
eu gritaria pra mim mesmo: "vai viver porra"
mas certamente eu ficaria magoado
mas viver a porra é o que nós mais precisamos
celebrar a dádiva de dar uma trepada sem drama.
me entendo
quase um cordeiro
se eu fosse um filha da puta talvez eu não sofresse metade.
mas a vida me manda ser uma boa pessoa
e eu sou um cordeiro
não sou um lobo
e alguns lobos me consomem
mas eu continuo sendo um cordeiro
criando garras de aço
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