domingo, 3 de abril de 2011

das misturas...

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"Na beira do mar, um pouco sisudo,
Chapéu na cabeça, cobrindo o semblante,
E me perguntando qual fabricante
Que se lembrou de fazer isso tudo?
Qual engenheiro que tem tanto estudo?
A cabeça fervia de tanto pensar.
Mas disse-me o vento, no seu linguajar:
Esfria a cabeça e tira o chapéu,
Quem fez isso tudo reside no céu...
Só deixou as pegadas na beira do mar."

Na Beira do Mar - Antonio Francisco e Mazinho
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rain tears
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águas do caminho
Tom Andrade*

é pau, é pedra, é o fim do caminho
mo meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
é um resto de toco, é um pouco sozinho
tinha uma pedra e um corpo na cama
no meio do caminho tinha uma pedra.
é um espinho na mão, é um corte no pé
é um caco de vidro, é a vida, é o sol
é a noite, é a morte, é o laço, é o anzol
nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida dos meus olhos cansados
é o fundo do poço, é o fim do caminho
é peroba do campo, é o nó da madeira
nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra no meio da lama
é um passo, é uma ponte, é um sapo, é uma rã
é madeira de vento, tombo da ribanceira
é o mistério profundo, é o queira ou não queira
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra
e mesmo sem pedra sobre pedra
é a promessa de vida no teu coração.
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*Autor meramente fictício formado pelo nome de Tom Jobim
e Carlos Drummond de Andrade.
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