. VELHA CASA "River flows back to me". Bomb The Bass
meu pai tinha dores que nunca iam para a cozinha eram dores que só ficavam presas dentro nos quartos da casa feito moscas voando em volta da cabeça dele e da minha mãe minha mãe por sua vez teve dores de uma vez só não teve nem tempo de guardar o sabor dos gostos e das coisas que eram feitas no fogão - minha mãe morreu sem gosto de nada nos olhos .
. existe amor moderato? e a coisa intensa que dizem que não existe mais?
onde as peles e as pernas e os pêlos se perderam? eram coisas que estavam sempre juntas dentro das tramas dos tecidos e das tramas dos corpos unidos sobre a leveza cínica dos lençóis que nem escondem nada e a vergonha passa longe dos quartos e das camas porque amar um outro corpo é coisa de além das portas além dos portos e dos corpos além dos saltos e terremotos e das outras desgraças afins
quem dera um dia encontrar esse amor de fora dos quartos em mim .
Video edit from www.hellovon.com . onde andam esses pássaros encarquilhados perdidos no meio da mata urbana pássaros de amor vendido que nunca foram atingidos por flecha nenhuma de cupido e ficam sem ar sem lar desamados completamente carentes dentro de corpos sem vida e presos porque as flechas não chegam dentro e os pobres pássaros tristes pelos seus corações cativos
. “A Paulista não é o coração de São Paulo; é o ataque cardíaco” http://pirex.com.br/
suspiros poéticos e maldades das ruas da cidade onde mais nada cabe de tanto carro à venda e uma venda nos olhos acompanha a violência quem quer olha quem não quer vende o corpo a alma a mãe o padre o que quer nem o sagrado cabe mais dentro e o que está dentro vomita vento
o resto é só uma questão de medo
na outra esquina até mudar a cor do sinal não pare: corra .
“É preciso aprender a caminhar com as dúvidas.” Flávia Stefani . MANUAL DO DESUMANO
inspirado COM MEUS BOTÕES quero ver se isso aqui vinga e aparece se posso escrever em paz essas histórias em segredo de cuidados de tudo o que se fala demais e cansa tem que ser um desabafo uma não-conversa autorizada um falar mesmo falar até cansar
shoot the breeze nomear todas as coisas que matam por dentro imaginando que alguém ouve - uns com boas intenções podem tentar mas não adianta: e até quem mais te ama entende suas vontades até um ponto depois é a cara de espanto sem capacidade de entender um rosto um olho um algo posto de lado no extremo oposto do corpo tão humanamente limitados de um jeito ou de outro só se importam mesmo com suas páginas e páginas de manuais consultados que não decifram zero
o remédio está nos poros: nas mínimas pessoas próximas que sabem do bom e do certo e diminuem as dores de dentro pra fora
enquanto tudo isso em segredo está sendo escrita outra página... .
. hiper-realidade: quem disse que eu não posso escrever tudo aqui imediatamente agora? . olhos em gotas e o gosto de olhar tanto que olha sempre repetido pra onde vê e bem entende que as coisas não vistas visíveis em outros lugares estão tão distantes escondidas e atrás de tanta coisa junto dos outros olhos confusos em tanta luz e luz e luz informação grau imagem foco óculos e olhos falantes e lentes - é quando tudo é muita coisa e só faz lágrima .
. dos fluxos das flores de água a ocupação dos seios puros os sentidos dos remos muros nos outros barcos insetos ocupando a beira do rio o frio o frio navegante a pessoa percebe em cada rua o rumo de um
dentro da pessoa com as direções perdidas há a poesia em vários uns .
olhar de longe olhar as pessoas-agulha pessoas-elementos-enfiados artificialmente em lugares públicos
bocas costuradas até que algum judas as separe as pessoas-moscas em volta alimentam carne inveja medo tédio ódio o vício dos restos que levam até onde não podem mais ver onde penetram feito vudu o corpo sente tatuagem agulha sem cor a queda arranha o chão de costas cede a agulha o inseto o corpo
quem tem cala a boca já imunda de fala suja língua lava com sabão a outra mão esfrega no chão e suja tudo de novo a boca seca agarra o outro lado da fala desesperada pra não ficar muda não se sabe nada do que já foi dito agora é tarde e corre o riso