. Talvez a homenagem mais criativa que eu vi àquele que nos deixou há pouco: Clique no link abaixo, aperte play e espere Michael começar a cantar. . the best tribute for Michael .
quando metia a chave em uma porta abria tudo qualquer coisa qualquer lugar não tinha segredos era uma invasão de pensamentos e coisas atrás de cada giro de maçaneta abria-se portas de prisões bancos apartamentos bares prostíbulos casas de cama mesa e banho o que pudesse tivesse chave estupro entrava invadia sem o menor pudor e poder só não podia mudar e abrir mesmo o seu ele próprio
(dentro ele dentro da casca ele dele não gosta do que a língua toca e revele dele)
nunca teve vontade de sair do outro lado era tudo muito escuro .
ele soube – o seu sangue soube faltava o gozo entredentes
era a hora da mudança
agora para tudo está já sem voz não tinha mais escolha de nada alguma outra coisa antiga já tinha ido embora apagada sumiu da memória esqueceu de vez em quando e quando ele se sentia estranho com alguma outra lembrança escapava pelos pés devagar andando nas suas pontas tentava não apagar tudo outra vez chegou mesmo a sonhar – adormeceu portanto – mas era tarde da noite e tarde da tarde acabando tudo em poucas horas dia após dia se atracava e sabia que mudaria aquilo que era antigo e preso atrás de si só havia um mar instável
embaixo d’água suspendeu a respiração tinham ficado os óculos seus únicos olhos
. para o poeta era uma questão de amarelo ficará impresso num caractere assim meio aceso atrás da porta o livro não abre mão da palavra tinha de ser perfeita
para todo o resto do mundo era uma questão incolor sólida
o poeta ofereceu a palavra aberta sobre o peito
a porta abriu em vermelho . . . . . . todo poeta é escolhido para sangrar .
. "En algún lugar debe haber un basural* donde están amontonadas las explicaciones. Una sola cosa inquieta en este justo panorama: lo que pueda ocurrir el día en que alguien consiga explicar también el basural." De Un tal Lucas Cortázar, Julio; Cuentos completos 2, Buenos Aires, Alfaguara, 1996 . . . num mundo tão rápido quem garante a verdade depois de amanhã?
(o aterro* das informações precisa ser explicado e quem explica as informações? o mundo um hipertexto um mundo um link delas?)
linguagem imagem atitude nova que morre logo - informação crucificada adeus dará a quem?
só um manifesto lento detém mortes desse tipo montes de coisas tipo toda informação fastfood agora agora agora mesmo nem tudo precisa morrer resistindo a vida no ágora louca solta sem medida em praça pública . . . . . . uma vez morte informada qualquer vida será bem vinda com todo mistério mais que morrer .
orgânico um o corpo prepara o cheiro para amanhã orgânico dois o chão não planta nada hoje orgânico três não se pisa na grama lavrada úmida orgânico quatro os trevos de quatro folhas secaram orgânico cinco dentro os livros secaram as folhas juntos os trevos orgânico seis o solo tem teclas de piano em branco e preto brotando orgânico sete as flores nos galhos os galhos e o vento em música orgânico oito o som se espalha semente longe orgânico nove o chão se abre de novo cuidando-se planta orgânico dez de algum modo novo o corpo continua solo .
. corpo é continuidade o corpo é o tudo o corpo é o tubo por onde passam indigestões e as sugestões mais absurdas e mudas as mudanças mais estranhas e diárias dores de cabeça e dores no peito e dores de barriga dores inomináveis e as dores viscerais que nem sabemos o que são equipes médicas de plantão sugerem autópsias e exames mais detalhados e não chegam a conclusão nenhuma o corpo precisa de outros ares e se adapta às leis da sobrevivência e ignora tudo: tem vezes que o corpo é surdo
a razão não é uma foto 3X4 nem agora é a hora certa a fotografia é outra .........................à margem da vida e os barcos rostos pequenos acidentalmente atirados na correnteza nada a perder nem nada a entender apenas faça-se o fluxo .