sábado, 12 de novembro de 2016

das ressonâncias...

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"a poesia aprende-se sendo feliz
mas só sabemos que sabemos
quando somos infelizes."
Mia Couto
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ninguém entende
como é difícil ver
e ter que enxergar
para
escrever
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quero a poesia
urbana
com entrada
franca

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íntimo:
converse
consigo


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apelo 
aos poetas
de coração 
aos antigos 
e aos novos
que não se percam
em seus próprios
icebergs


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de repente 
uma sensação 
de uma
solidão alarmante
estratosféricamente
enquadrada

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não sou lugares
sou pessoas


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bilíngue 
 com Vini Miranda

love "al dente"

the perfect alchemy
of my well-wish
makes you well
land my heart
on the table
charm
reads your eyes in love
as a song
waiting for you
to devour me
extinguishing in a gesture
the yesterday
and the red spots
on the tablecloth
and on the silverware
dispensed
among food and drink
the one's starvation for the other
better anthropophagic
than tragic
consumed by hand sweat
and the rise of knives
subtle features
of unutterable flavors
love
comes
from undoubted
palates

amor "al dente"

a perfeita alquimia
do meu bem querer
bem te faz
pousar meu coração
à mesa
disposta entre pratos
e copos risíveis
do teu encanto maduro
ler apaixonado nos teus olhos
absorvido no teu respiro
como um canto
esperando
que me devores
extinguindo num gesto
o ontem
e as manchas rubras
na toalha de mesa
e os talheres
dispensados
entre os comes e bebes
a fome um do outro
antes antropofágicos
do que trágicos
consumidos
pelo suor das mãos
e o levantar das facas
tornozelos cruzados
tateando mapas
traços sutis
de sabores
indizíveis
o amor
provém
de indiscutíveis
paladares
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"Error 404.
um virus como experiência tática desterritoriliza o campo normativo de individuação, nesta plataforma so | cio..tec-no,ló/gi_Ka que vos fala][ não quer imposições de gênero ou “nomes reais” ( o que é isso!?). Somos outros, muitos, intercambiáveis, transidentidades, pronomes cosmológicos, híbridos, mestiços… eu sou voce [numa linha traçada entre o nosso fora. Implosão de tempo-espaço nas durações, alturas, timbres… no erro"

 Loveletter Exe.














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em quatro luas
​existem sequências de palavras
que tiram o ar
e desmontam o peito
e algumas que roubam
as palavras das bocas
das outras pessoas
e elas não sabem o que dizer
e ainda existem as palavras
que nem existem
mas que se você olhar dentro de você as encontra em forma de fragmentos
que você nunca conseguiu entender
só sentir
essas são as palavras
que eu gostaria de escrever hoje
essas palavras que não são formadas através de letras 
e sim por cada desejo lento que aparece quando decidem arrancar minha alma
por cada “eu te amo” que me dizem como quem me degusta e quer mais
eu quero escrever as palavras que escreveram em mim toda vez que eu fiquei nu feito pele viva
então ajo como se o outro fosse só uma brisa passageira 
porque sei que eu sou um mar inteiro, forte, revolto, 
que vira e mexe vem acompanhado por um vento 
quase tão frio quanto as noites com alguém vazio ao meu lado
eu sou seduzido
por tempestades

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temos
quedas
livres
e temores
fixos
/
eu prezo
para
quedas
seguras

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nós
os
seres
minusculares
insu
lares
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cada um sabe 
a dor e a delícia 
de esquecer 
o que é
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as coisas que perdemos
no fogo
no impulso
no desterro
no silêncio 
do desespero
em cinzas
(especificamente
nestas cinzas)
nada renasce
nada é mitológico
nem fênix
nem vontade
é um incêndio
definitivo
à favor
da nossa
vontade
é o fogo
desferido
por
necessidade

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os cães
se fazem nas sombras
e as paredes
severas
latem
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"não entender é uma espécie de aventura" 
Mariano Raffaelli

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A Jean Cocteau perguntaram:
- Se sua casa pegasse fogo, o que o senhor salvaria?
Ele respondeu:
- Eu salvaria o fogo.
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"o vinho faz a gente esquecer
a parte má de tudo"
Ernest Hemingway
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sonâmbulo
dormir é distrair-se do mundo
enquanto a loucura
não guarda endereço 
fixo
e a lembrança
é uma incômoda
insônia
é muito injusto que
durante um sonho
incendiar os outros
até o esquecimento
seja preciso primeiro
gastar a si próprio

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Deixa de ser oxigênio 
E vira
Ar
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mil namorarão ao teu lado
dez mil casarão a tua direita
mas tu curtirás o open bar

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troco
fidelidade
por
poesia

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a polêmica vinda do amor
o seu livro
agora
que faz parte de você
e que você vai lendo
cada linha
como formiga
em linha reta
indo pro formigueiro
levando um peso
maior que o corpo
(o amor às vezes
não seria isso?)
o livro trata do amor
sem ser romântico
ao nosso modo descompensado
de ser
amar sem perceber
mas se entregar
sem se entreter
ou se importar
com o resultado
mas ficamos em stand by
dequele jeito como quem
fica em fila de banco
esperando sua vez
sem saber o quanto
vai ter na hora do saque
às vezes vem pouco
às vezes muito
às vezes nada
daí o susto
quando a vida
mostra um amor-cheque-sem-fundo
e do outro lado
o caixa nos olha
como se a gente fosse
um ET recém chegado
à Terra
(será que o amor não foi
invenção de extraterrestres?)
Hollywood não tem nada com isso
a gente compra a idéia
no supermercado
na internet
na tv
amor de verdade não se expõe
no Facebook
amor não é coisa de redes sociais
é coisa de redes estritamente emocionais
cada pontinho de amor de verdade
a gente conta nos dedos
lá naquelas estrelas
que enchem o céu de noite
nas noites de lua nova
entro em posição de vírgula
esperando detalhes coloridos
ou alguma estrela
cadente
durante a espera
o tempo quebra
analógicas estações
luas
signos
e atrasos
quebram as relações
os ossos
o nariz da estátua
a cara
as refeições
as conversas
o coração dos apaixonados
quebra mesmo
mas sempre que algo quebra
abre
o amor nesse caso
não é regra
nem exceção

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"Bom, para voar, basta errar o chão, já diria Douglas Adams. 
Para errar o chão, basta estar suficientemente distraído. 
Nos deixem ter essa chance de voar, 
que de congestionamento e rotina 
a gente já tá cheio e mais vale correr o risco."
Dindi Coelho

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os medos
são as coisas 
amassadas

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ressonante
por dentro
pessoas
são diferentes
/
existe
uma
beleza
circulante
invisível
/
memórias
do corpo
vivo
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"eu não guardo raiva
eu guardo nomes"
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ANÁTEMA
sou doável em imperdoável analgesia
sofro a dor crônica dos amantes não correspondidos
dos telefonemas sem resposta
da aposta do último centavo quando o jogo deu errado
do último segundo quando a porta do trem fecha
da última olhada
da última chance
da última palavra
do último espaço de tempo significativo entre duas pessoas
me doo a todos eles
a esses momentos de quase ganho
quase orgasmo
quase engasgo
quase fruto maduro que caiu antes da hora
me doo todo a esse último fio breve de resposta
que muitas vezes sustenta uma vida inteira
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Choose life
Choose Facebook,
Twitter,
Instagram and hope that someone, 
somewhere cares

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