terça-feira, 23 de outubro de 2012

dos fôlegos...

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Velho é criança de fôlego diferente. 
Já não lhe interessam as correrias nos jardins, 
o sobe e desce das gangorras, o vaivém dos balanços. 
É tudo muito pouco. O que ele quer agora é desembestar no céu, 
soltar os bichos que colecionou a vida inteira. 
Os bichos todos - domésticos, selvagens, úteis e nocivos. 
Os pesados répteis que ainda guarda no coraçã
e as borboletas, peixes e passarinhos, 
tudo solto lá em cima!
Francisco Azevedo
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generator
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Estranho esse entendimento de lugar. É como se eu contivesse tudo. 

Entender até do absurdo. Sem falar muito. Mudo.

Passo apertado na vida porque não há sobras. Eu me con_sumo.

Estou num mundo sozinho de dentro.  Quem entende?

Aqui vivo o vacilo de um vício que não me convence.

Adivinhação é perder a chuva e saber do estio em plena luz do dia.

Desfazendo enganos. Refazendo engodos.

Emprestei meu rosto para outro espelho. 
Emprestei meu gosto para outro. Estou velho. 
Estou na idade das ideias emprestadas.

Para onde você esta vindo?

Alinhou a vida.  Alinhavou com a morte.  Pura falta de sorte.

natureza morta / natureza torta

Tenho tentado me encontrar. Por enquanto só linhas. 
Algum rascunho já basta.

Tive um convívio intimo no dia de hoje com meus pés: 
meias molhadas de chuva.

Estava fraco. Entendi a lama, as pedras e uma mão aberta.  
Sorri feito praga.  Ácido e infeliz.

O tempo entendeu tudo errado: temporada.

Eu dos degraus igual a vida: só sei mal equilibrar e subir.

Não fiz nada ate aqui. Só escrevi. E muito. 
Meu muito é de letras. E basta.

A sua língua sempre parada no centro da sua boca. 
Vicio. Silêncio é vício. 
A minha língua anda a míngua
Um muito mais que cala. Um pouco mais que fala.

A poesia da falta de absurdo.

Entranhas: o estranho oposto em mim.

Morreu? Não devo mas posso. Vivo por descasos.

Eu sou um homem com um único inferno.

Errar é comigo mesmo: eu vivo o desencontro dos erros.
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