segunda-feira, 23 de julho de 2012

das pontes...

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"Todas as pontes são diferentes mas todas são para atravessar.
Viver é isso. Cada um constrói sua ponte da forma que pode. 
O importante é chegar do outro lado."
Julio Carvalho
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tronco
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recorte

tronco oblíquo opaco denso
à margem de algum machado
torto
oposto ao rio
o corte feito
torna ponte
liga o corpo ao homem
a mata um verde tenso
mato o corte
cada um com sua sorte
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terça-feira, 10 de julho de 2012

das dispensas...

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 "Ando triste de dar pó..."
Julio Carvalho
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the other day
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e também...

queria uma
boca
cabeça
que diz
pensasse
tudo
corpo a fora


queria 
derreter o tempo
à força
na língua
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domingo, 8 de julho de 2012

dos desesperados...

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"não é mais um caso como os outros.
é uma crise."
Julio Carvalho

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despairdespair
invert despairinvert despair
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raso



"a velhice explode como a condição de um eu vazio" - noemi jaffe



me foram entregues os nãos

ao relento
e sem proteção
quase um sem as mãos 
amputadas e sem luvas
daqueles momentos da vida
onde trocados os membros
são ausentes todos os movimentos
à deriva
à dívida
do corpo arriado
sem prumo
desconfiado  

resta
o corpo raso 
que não tem 
nem uma gota 
de suor

como é estar junto de sua solidão?
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segunda-feira, 2 de julho de 2012

dos destraves...


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“ninguém vai dizer
que foi por amor
todos vão chamar
de derrota.”
Cícero – trecho da música "Vaga-lumes Cegos"

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al(ma)gema
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sete poemográficos de biblioteca

I
ser intenso custa caro
vivo aos poucos e lentamente
escondendo
sinceridades
colocando pra fora
as poucas garras
que sobram
porque raiva acaba que não serve
pra nada
acaba que tudo
eu custo muito
eu gasto restos indistintos
ando economizando lentamente
bem pouca coisa
da
vida

II
perdi a vergonha
encontrei a verdade
perdi a fé
ouvi a demora das coisas
espelhadas em séculos
perdi o início
acabei-me nos zeros

III
tudo o que fiz cabe num palito de fósforo
tudo pronto a acender
mas essa fagulha não vem nunca
por isso este todo ainda tão apagado

IV
deus improvisa e não avisa:
somos oráculos ocos
carecendo de adivinhação

V
a verdade não foi feita para estar na boca de qualquer um

VI
o emprego do velho é a falta

VII
eu tenho assim estranhos formatos de poemas
poemas em forma de corte
aqueles colocados em círculos infinitos
poemas em forma de silêncio
aqueles empilhados até as nuvens
poemas em forma de arrependimento
aqueles enterrados a sete palmos
poemas em forma de mágoa
aqueles envoltos em névoa difusa
poemas em boa forma são
aqueles não escritos
e publicados por precaução
só na memória
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domingo, 1 de julho de 2012

dos obsoletos...


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 "Escrever vem com estranhezas." 
Julio Carvalho
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memória residual 

um passo atrás 
esquecendo... 

eis que cedo ou tarde 
alguma coisa na memória 
resiste 
a seco 

basta acrescentar mágoa. 
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escrever contém estranhezas...
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dos produtos...


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"Sou um produto
(in)acabado(?)
do pensamento Bio.po.ético."
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open
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tsunamistérios

um corpo sozinho
não resolve
tanta inundação
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